Cientistas estão mais próximos da cura para a diabetes tipo 1

Uma equipe de cientistas desenvolveu o primeiro medicamento com potencial para curar a diabetes tipo 1, abrindo as portas para a cura da doença.

A equipe internacional de cientistas liderada pelos pesquisadores do Centro Andaluz de Biologia Molecular e Medicina Regenerativa (Cabimer), em Sevilha (Espanha), conseguiu descobrir o primeiro medicamento que pode ser capaz de reverter os sintomas da diabetes tipo 1.

Foram necessários vários anos de pesquisa para desenvolver a molécula ou receptor molecular que é capaz de regenerar as células produtoras de insulina. Os resultados foram comprovados com êxito em ratos e em células humanas e publicados recentemente na Nature Communications.

Segundo o El País, a diabetes tipo 1 é uma condição autoimune que geralmente aparece na infância. Nas cerca de 21 milhões de pessoas que sofrem com essa condição, os linfócitos destroem as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção, armazenamento e secreção de insulina, criando assim a dependência vitalícia da injeção.

Esse novo medicamento faz as duas coisas: reduz o ataque autoimune e repõe a população de células beta destruídas. Até agora, os tratamentos disponíveis – a imunossupressão ou terapias celulares – só podiam cumprir uma função ou outra, respectivamente.

“Se forem capazes de transferir isso para os seres humanos, o medicamento pode ser uma solução não apenas na prevenção, como também no tratamento, abrindo uma porta para a cura do diabetes tipo 1”, disse Ramón Gomis, professor da Universidade de Barcelona, que não participa do estudo.

Bernat Soria, do Departamento de Regeneração e Terapias Avançadas, refere que, para curar a diabetes há que se fazer duas coisas distintas: “fabricar células que substituam as que não funcionam e detectar a causa”.

O novo composto químico, chamado de BL001, permite “ativar um receptor molecular localizado na superfície de algumas células do sistema imunológico e células do pâncreas”, explica a principal autora do estudo, Nadia Cobo-Vuilleumier. Essa interação reduz a resposta inflamatória e protege as células beta.

O novo medicamento provoca a transformação de células alfa em células beta, fenômeno conhecido como transdiferenciação, que resolve um problema fundamental enfrentado pelas terapias celulares: o de regenerar a população de células beta de uma amostra inexistente ou muito danificada.

“A ideia é nova, mas finalmente a equipe tem resultados convincentes“, comenta Ramón Gomis. Depois de ter patenteado a fórmula, a equipe de cientistas define agora a composição do medicamento laboratorial, tentando entender os limites da toxicidade e de eficácia, e decidindo se seria em forma de injeção ou comprimido.

Ainda assim, os cientistas querem algo ainda mais ambicioso. Não pretendem apenas um tratamento, mas uma cura para a diabetes tipo 1. “As empresas farmacêuticas preferiam que os pacientes tivessem que tomar um comprimido para o resto da vida, mas meu desejo é que consigamos reeducar o sistema imunológico”, afirmou Benoit Gauthier.

“Desenvolver um medicamento do laboratório até o paciente custa cerca de 20 milhões de euros. Já gastamos 3 milhões. Se me der 17 milhões amanhã, daqui a alguns anos, se tudo correr bem, já estará no mercado”, continua o principal cientista do Cabimer, afirmando que não se sabe quando o medicamento estará disponível no mercado.

O estudo recebeu financiamento público espanhol e apoios de associações como a Juvenile Diabetes Research Foundation, de Nova York, nos EUA, e da DiabetesCERO, na Espanha.

Ciberia // ZAP

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