Em um novo estudo, cientistas bloquearam a proteína VDAC1 nas células que produzem insulina e conseguiram reverter casos de Diabetes tipo 2. Os pesquisadores também conseguiram mostrar que é possível prevenir o surgimento da doença.
O estudo, publicado no dia 4 de outubro na revista Cell Metabolism, foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, que acreditam que a substância que inibe a produção da proteína VDAC1 pode ajudar no desenvolvimento de um novo tratamento para a diabetes tipo 2.
“O objetivo é conseguir administrar a substância para pessoas recém-diagnosticadas com diabetes 2 para permitir que as células que produzem insulina voltem a exercer sua função ou, ainda melhor, usá-la com pré-diabéticos para prevenir o início da diabetes”, explicou Albert Salehi, professor e cientista principal no estudo.
Sobre a pesquisa, Salehi diz ainda que é preciso “mais estudos para demonstrar como o bloqueio da VDAC1 afeta os tecidos dos rins, coração, músculos e gordura”, pois esse estudo “é pequeno e baseado em doações celulares de seis pessoas que faleceram e que tinham diabetes tipo 2, além de experiências limitadas a modelos animais”.
Apesar de ser um estudo pequeno, os resultados têm sido promissores e a equipe de cientistas já patenteou o uso da substância no campo da diabetes.
Funcionamento
Antes de desenvolver diabetes tipo 2, os pré-diabéticos podem ter altos níveis de açúcar no sangue. O alto nível de açúcar no sangue inicia um processo que causa danos no corpo – o aumento da produção da proteína VDAC1 libera a energia proveniente das mitocôndrias – responsáveis pelo fornecimento de energia (ATP) – para outras partes das células.
Com níveis altos de açúcar, a quantidade dessa proteína aumenta, e se fixa nas paredes das células. Como consequência, a energia ATP se libera da célula, resultando na morte da célula por falta de energia.
Esse comportamento dificulta o controle do açúcar no sangue, acabando por causar complicações em órgãos como o coração, rins e olhos.
Na pesquisa, ao bloquearem a proteína VDAC1 das células dos órgãos doados, o fornecimento de energia foi restaurado e a produção de insulina foi normalizada.
Após esses resultados, a experiência foi repetida em ratos com propensão para o desenvolvimento de diabetes que resultou na remissão da doença e na correta produção de insulina durante cinco semanas, momento em que o tratamento foi interrompido e onde foi registrado o aumento dos níveis de glicose.
Ligação ao Alzheimer
Segundo o MedicalXpress, há conexões entre diabetes tipo 2, a demência e a doença de Alzheimer. Os autores do estudo afirmam que há uma ligação entre a proteína VDAC1 e a doença de Alzheimer – elevados níveis de VDAC1 são encontrados em células cerebrais, nas partes do cérebro afetadas durante a fase inicial da doença.
“Acreditamos que a substância pode ter um bom efeito também nesses pacientes, impedindo que as células cerebrais morram e melhorando as habilidades cognitivas deles”, disse Salehi.
Ciberia // HypeScience / ZAP