Um grupo de arqueólogos descobriu uma representação de Jesus Cristo, datada do século VI, extremamente rara e que difere da imagem cristã tradicional.
A descoberta foi feita na parede de uma antiga igreja em Shivta, no sul de Israel, de acordo com o estudo publicado em agosto na revista Antiquity.
Os evangelhos nunca descreveram exatamente a aparência de Jesus. Todas as representações são de artistas posteriores e, quanto que as gravuras sobreviventes abundam em velhos mosteiros e igrejas, em Israel são quase inexistentes.
Em contraste com a imagem ocidental de Jesus, que o representa com cabelo comprido e barba, a pintura encontrada em Israel mostra um figura sem barba, cabelo curto e encaracolado, olhos e nariz grandes.
Ao lado da imagem de Jesus, encontra-se outro rosto menos visível. Segundo uma equipe de especialistas da Universidade de Haifa, a gravura representa o episódio bíblico do batismo de Jesus, sendo a outra figura João Batista.
Shivta foi fundada no século II a.C e sobreviveu durante cerca de 650 anos, antes de ser abandonada no início do período islâmico. A aldeia sustentou uma grande população e, durante o seu apogeu, teve três igrejas.
A primeira pintura de Jesus em Shivta foi encontrada na igreja mais a sul e estava muito desgastada. Já a que representa o seu batismo foi encontrada na igreja mais a norte.
A pintura foi descoberta por uma equipe de arqueólogos em 1920. Mas, devido ao seu mau estado de conservação, não atraiu atenção. Na verdade, a imagem está tão desgastada que até os estudiosos da arte moderna mal conseguiram vê-la.
“Eu estava lá na hora certa, no lugar certo com o ângulo certo de luz e, de repente, vi os olhos”, disse Emma Maayan-Fanar, da Universidade de Haifa. “Era o rosto de Jesus durante seu batismo, olhando para nós”.
A representação de Jesus Cristo com cabelo curto foi difundida pelo Egito e no Mediterrâneo – onde hoje a Síria e a Palestina estão localizadas – na arte bizantina, mas desapareceu.
Pode-se assumir que Jesus possa ter tido uma aparência do Oriente Médio, mas isso não é tão simples. Características fisiológicas comuns nas populações atuais – como olhos escuros e cabelos mais curtos – não eram tão comuns nos tempos antigos, à medida que populações geneticamente distintas surgiam e desapareciam por toda a Terra.
O que parece claro na multiplicidade de representações através dos séculos e ao redor do mundo é que Jesus se parece com aqueles que o seguem, adaptando-se à moda, experiência cultural e costumes da época.
Não se sabe se a pintura será uma representação exata da aparência de Jesus Cristo. Ainda assim, os arqueólogos enfatizam que é uma descoberta muito importante, que pode expandir o conhecimento sobre a arte cristã primitiva na região.
Ciberia // ZAP