Cientistas identificam a primeira espécie de tubarão onívoro

 

Kelly McCarthy / Wikimedia

Sphyrna tiburo (ou tubarão-de-pala)

Cientistas da Universidade da Califórnia, em Irvine, nos Estados Unidos, encontraram a primeira espécie de tubarão onívoro.

Os tubarões são dos mais conhecidos “comedores de carne” do planeta. E, durante bastante tempo, os cientistas assumiram que a maioria dessas criaturas marinhas era exclusivamente carnívora.

No entanto, o oceano é cheio de surpresas e, por isso, assim como escreve o Science Alert, pesquisadores descobriram agora que uma das espécies mais comuns de tubarão é, na verdade, um onívoro.

Um novo estudo, publicado nesta quarta-feira (5) na revista Royal Society B, revela que o tubarão-de-pala – conhecido originalmente por Sphyrna tiburo – é “flexitário”, ou seja, tem a capacidade de alternar entre uma alimentação à base de carne e de plantas.

Durante quase uma década, sabia-se que esse pequeno tubarão, geralmente encontrado na costa dos EUA e que pertence à família dos tubarões-martelo, consome diversas plantas marinhas, com mais de 62% do seu conteúdo estomacal contendo esse tipo de alimento.

Porém, os cientistas assumiram que a espécie fazia isso por engano, enquanto caçava caranguejos, lulas e outros pequenos invertebrados. Os pesquisadores nunca pensaram que o animal era realmente capaz de digerir as plantas para se alimentar.

“A maioria dos cientistas assumiu que esse consumo foi incidental e que não tinha nenhum valor nutricional”, explica Samantha Leigh, especialista em ecologia e biologia evolucionária da Universidade da Califórnia, em Irvine, ao The Guardian.

“Eu queria entender quantas dessas plantas marinhas os tubarões conseguiam digerir, porque aquilo que um animal consome não é necessariamente o mesmo daquilo que digere e de onde retém nutrientes”, acrescenta.

Para perceber se esses tubarões eram mesmo onívoros, os pesquisadores replantaram ervas marinhas da Baía da Flórida em laboratório. As mesmas receberam uma assinatura química única e facilmente identificável pela adição de um isótopo de carbono específico.

A equipe “serviu” então uma dieta alimentar composta por 90% de ervas marinhas e 10% de lulas a cinco tubarões-de-pala. Três semanas depois, todos ganharam peso, mas, como isso não era prova suficiente, fizeram uma série de testes para ver quanta matéria vegetal tinha sido digerida e quanta foi expelida.

Após uma série de análises no sangue, os pesquisadores descobriram níveis elevados do marcador químico no sangue e no tecido do fígado dos animais, sugerindo que os nutrientes das plantas marinhas foram mesmo absorvidos.

“Finalmente, conseguimos determinar quais os tipos de enzimas digestivas que a espécie de tubarão possuía”, afirma Leigh ao Gizmodo. “Diferentes enzimas quebram diferentes nutrientes e, geralmente, os carnívoros têm níveis muito baixos de enzimas que quebram fibras e carboidratos. No entanto, o tubarão-de-pala tem níveis muito altos desse tipo de enzimas”.

“Os tubarões-de-pala não só consomem grandes quantidades de plantas marinhas, como também são realmente capazes de digerir e assimilar os nutrientes dessas ervas, tornando-se claros onívoros”, escrevem os autores do artigo científico. “Esta é a primeira espécie de tubarão que mostra ter uma estratégia digestiva onívora”.

Ciberia // ZAP

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