Príncipe mais rico da Europa lidera país de apenas 30 mil habitantes

(dr) fuerstenhaus.li

Hans-Adam II, príncipe de Liechtenstein

Hans-Adam II, de 72 anos, é o príncipe mais rico da Europa. Líder de uma monarquia absolutista, comanda o Liechtenstein, país encravado entre a Suíça e a Áustria com apenas 38 mil habitantes.

O príncipe de Liechtenstein herdou uma fortuna acumulada desde a época das Cruzadas e que cresceu juntamente com a fama do país como paraíso fiscal. O monarca é dono de um exclusivo banco privado e tem poderes para nomear juízes, dissolver o Parlamento e até vetar decisões aprovadas por referendo popular.

O patrimônio do príncipe está avaliado em 4,4 bilhões de dólares, segundo o site da empresa de informações financeiras Bloomberg.

Hans-Adam II é dono de terras, castelos, dois palácios em Viena, na Áustria, uma valiosa coleção de arte, com quadros de mestres do barroco como Rembrandt e Rubens, além de ser o proprietário do banco LGT, que atende clientes exclusivos como multinacionais e bilionários.

A Bloomberg afirma que o príncipe enriquece graças ao banco que registrou um aumento de 10% nos seus ativos.

O valor de mercado do LGT subiu 64%, somando mais 1,7 bilhões de dólares ao patrimônio pessoal, e agora ocupa o 444º lugar no ranking das pessoas mais ricas do mundo.

Hans-Adam II vive em um castelo erguido num penhasco. Logo depois de se formar em Economia e Negócios em Sankt Gallen, na Suíça, ganhou como missão do próprio pai reorganizar o império familiar para garantir mais eficiência à gestão. Assim, fechou vários departamentos do banco que não geravam dividendos e concentrou a carteira de clientes em pessoas e empresas extremamente ricas.

Chamado de “Sua Alteza Serena”, o chefe de Estado e monarca soberano de Liechtenstein não ostenta o título de rei porque comanda um principado. É casado com a condessa Marie Kinsky von Wchinitz und Tettau, com quem teve quatro filhos. O herdeiro do trono é o príncipe Alois que, desde 2004, recebeu poderes do pai para tomar decisões governamentais como forma de preparar a transição.

Monarquia absoluta por voto popular

O Liechtenstein é uma monarquia constitucional, na qual a soberania do Estado é supostamente compartilhada entre o príncipe e os cidadãos.

Em um plebiscito constitucional de 2003, 64% da população votou a favor de dar amplos poderes políticos a Hans-Adam II. Assim, com o aval da população, Liechtenstein se transformou na única monarquia absolutista europeia.

Na prática, Hans-Adam II ganhou poderes para nomear e remover o Governo – o que gerou críticas e temores de que tanto poder nas mãos de apenas uma pessoa pudesse levar a uma espécie de ditadura.

Uma década depois do plebiscito, houve outra consulta propondo que os poderes do príncipe fossem limitados – mas foi rejeitada nas urnas pela população. Desta forma, o monarca manteve poderes como vetar o resultado de plebiscitos, dissolver o Parlamento e nomear juízes.

GuentherZ / Wikimedia

Hans-Adam II, príncipe de Liechtenstein, em uma cerimônia oficial

Família tradicional de nobres

O príncipe bilionário pertence a uma das mais antigas famílias da nobreza europeia. Um dos antepassados é Hugo Liechtenstein, cujo nome foi mencionado pela primeira vez em 1136, período em que a família era proprietária de terras hoje ocupadas pela Alemanha, Áustria, Hungria e República Tcheca.

Atualmente, no entanto, as propriedades de Hans-Adam II situam-se apenas na Áustria e estão avaliadas em cerca de 100 milhões de dólares, de acordo com a Bloomberg.

O principado de Liechtenstein é classificado há anos como um paraíso fiscal. O país tem, contudo, feito esforços para mudar essa imagem e se reposicionar como centro financeiro tradicional.

Trata-se de uma reação a críticas feitas a partir de 2000, quando relatórios internacionais criticaram a permissividade dos seus controles financeiros, que permitiam que grupos da Rússia, Itália e Colômbia lavassem dinheiro de atividades criminosas nos seus bancos.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) começou a acompanhar as regulamentações financeiras do Liechtenstein desde a crise econômica de 2008.

Em busca de recursos, países afetados pela crise começaram a repatriar ativos que estavam em paraísos fiscais. A partir de então, a exemplo do que fez o país vizinho, Suíça, o Liechtenstein começou a reformar gradualmente suas leis e firmar acordos com vários países.

Com castelos entre vales e montanhas, o Liechtenstein parece um reino de conto de fadas. Mas, na verdade, pode ser visto como um grande banco que abriga um príncipe bilionário e movimenta fortunas de todo o mundo.

Ciberia // BBC / ZAP

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