Partes de uma das maiores rochas do Sistema Solar foram parar no asteroide Bennu

NASA / Goddard / University of Arizona

Asteroide Bennu

Observações feitas pela missão OSIRIS-REx, da NASA, resultaram em uma descoberta curiosa: de alguma forma, pedaços do asteroide Vesta — um dos maiores do Sistema Solar — foram parar em Bennu, um asteroide bem menor que está sendo estudado pela sonda de pertinho. Isso mostra a complexidade da dança orbitam dos asteroides e a colisão violenta que resultou em Bennu.

Bennu é formado por uma “pilha de entulhos” que intrigou cientistas durante quase dois anos desde a chegada da missão OSIRIS-REx. Em outubro, a sonda fará uma manobra complexa para coletar uma amostra do asteroide no final de outubro, e se tudo correr bem, irá trazê-la para a Terra em 2023 para ser estudada.

A sonda Dawn, também da agência espacial estadunidense, passou 14 meses no asteroide Vesta entre 2011 e 2012, e coletou dados que foram utilizados para os cientistas combinarem as rochas de Bennu com o que foi observado em Vesta.

“Encontramos seis formações de tamanhos variados espalhados pelo hemisfério sul do Bennu e perto do equador”, diz Daniella DellaGiustina, cientista da Universidade do Arizona e cientista-líder do processamento de imagens para a OSIRIS-REx.

“Elas são muito mais brilhantes do que o resto de Bennu e combinam com o material do Vesta”, disse. As imagens feitas pela OSIRIS-REx mostram rochas brilhantes de piroxênio — que é também o composto das rochas do Vesta.

Estas rochas eram até dez vezes mais brilhantes do que aquelas nos arredores. Assim, os cientistas estudaram a luz refletida por elas com o espectrômetro da sonda, e concluíram que o Bennu recebeu estas rochas possivelmente do asteroide o originou após sofrer o impacto de um “vestoide”, ou seja, um fragmento de Vesta.

“Quando o asteroide principal foi destruído, uma parte de seus detritos se acumularam sob sua própria gravidade ao Bennu, incluindo um pouco do piroxênio de Vesta”, disse Hannah Kaplan, cientista e pesquisadora espacial do Goddard Space Flight Center.

Encontrar pedaços de Vesta em Bennu pode parecer uma sorte tão grande quanto ganhar na loteria cósmica, mas encontrar partes de um asteroide na superfície de outro não é algo tão raro assim.

A descoberta de partes de outro asteroide ajudará os cientistas a entenderem melhor como os asteroides se deslocavam pelo Sistema Solar logo no surgimento da nossa vizinhança, e também revela informações sobre o passado violento do Bennu, quando se formou a partir do que restou de uma grande colisão.

Tudo isso mostra que as órbitas dos asteroides mudam constantemente enquanto as forças dos planetas e outros objetos mudam seus caminhos no espaço. Agora, os cientistas estão curiosos sobre o que levou os pedaços de Vesta a Bennu e o porquê de não haver outros tipos de asteroides deixando fragmentos nele.

Enquanto isso, já é possível adiantar que os “vestoides” provavelmente vieram das bacias de impacto Veneneia e Rheasilvia no asteroide Vesta, que surgiram há 2 bilhões e 1 bilhão de anos, respectivamente. “Estamos ansiosos para receber a amostra do Bennu, que esperamos que tenha partes destas rochas intrigantes”, finaliza Dante Lauretta, principal investigador da OSIRIS-REx.

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