Os dois guardiães muçulmanos da chave da Basílica do Santo Sepulcro de Jerusalém abriram, na madrugada desta quarta-feira (28), as portas do lugar mais sagrado do cristianismo, depois de três incomuns dias de fechamento em protesto pela política fiscal e legislativa de Israel.
“Israel recuou. Estamos muito contentes. Esperamos que tudo dê certo e os peregrinos voltem a visitar a igreja novamente”, declarou Wayid Nuseibeh à EFE, pouco depois que tocassem os sinos, às 4h (hora local).
Nesta terça-feira (27), as três igrejas de custódia (católica, greco-ortodoxa e armênia) anunciaram a reabertura depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o prefeito do Jerusalém, Nir Barkat, acordassem o cancelamento das medidas fiscais que geraram a rejeição das comunidades cristãs.
As autoridades israelenses decidiram “estabelecer uma equipe profissional com a participação de todas as partes relevantes, para formular uma solução para o assunto dos impostos municipais sobre propriedades da Igreja que não sejam centros de culto”.
O fechamento, que começou no último domingo (25), aconteceu depois que o município ordenou o congelamento das contas bancárias das igrejas, devido a falta de pagamento do Imposto sobre Bens Imóveis (IBI), algo que estavam historicamente isentas.
A medida foi suspensa, além da revisão de uma lei proposta no parlamento israelense (Knesset) que deveria ter sido debatida no domingo e permitiria a expropriação retroativa de terras vendidas ou arrendadas a longo prazo pelas igrejas a empresas ou indivíduos.
As igrejas qualificaram as medidas de “ataque sistemático e sem precedentes”, que em sua opinião “parece uma tentativa de enfraquecer a presença cristã em Jerusalém”.
Em 1990, as comunidades cristãs tomaram uma decisão semelhante e fecharam a basílica durante dois dias, através da captura de um edifício na Cidade Velha de Jerusalém, em território ocupado palestino, por parte de alguns colonos israelenses, lembrou à EFE, o segundo guardião da chave, Adeeb Jawad.
Ciberia // EFE