O Universo que nos cerca é composto por 12 partículas elementares e quatro forças (gravitacional, eletromagnética, nuclear forte e nuclear fraca), segundo o Modelo Padrão. No entanto, uma equipe de cientistas parece ter encontrado uma peça que não encaixa nesse quebra-cabeças.
Esta peça sem rumo é um neutrino inerte, uma partícula elementar cuja existência é assumida teoricamente, mas, até agora, não foi confirmada. Agora, um projeto internacional parece ter encontrado um elemento escondido. Os resultados foram recentemente publicados nas Physical Review Letters.
Uma equipe de cientistas da Universidade Nacional de Pesquisas Nucleares da Rússia (MePHi) e da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, em colaboração com a NASA, trabalharam durante três anos no projeto Antarctic Impulse Transient Antenna (ANITA).
Anualmente, os cientistas lançaram balões aerostáticos no céu da Antártida de modo a recolher dados sobe o tal neutrino inerte de alta energia.
Esta peça, embora fora do quebra-cabeças, faz com que não aconteçam as maiores explosões do Universo, que ocorrem nos centros das galáxias. A baixa densidade destas partículas levou os cientistas a transformar o continente gelado em um enorme detector de partículas.
Os detectores, instalados nos balões, conseguiram capturar um sinal muito estranho que, aparentemente, veio de neutrinos. No entanto, com uma polarização incomum nesse tipo de partícula.
“Alguns especialistas sugerem que tais características incomuns possam ser explicadas pelo fato de serem geradas por neutrinos inertes, partículas absolutamente neutras que vão além do Modelo Padrão da Física”, explicou o astrofísico Peter Gorham, da Universidade do Havaí.
“Por enquanto, é muito difícil concluí-lo, isto porque temos apenas dois casos. Mas vamos continuar à procura de outros sinais”, afirma. Caso a existência seja comprovada, os neutrinos inertes podem ser incluídos no Modelo Padrão com um mínimo de mudanças.