A agência espacial norte-americana (NASA) e a europeia (ESA) assinaram no dia 27 de abril uma declaração de intenção em explorar conceitos de missões para trazer amostras de solo marciano para a Terra.
As naves espaciais em órbita e os rovers na superfície de Marte fizeram muitas descobertas emocionantes, transformando a nossa compreensão do planeta e revelando pistas para a formação do Sistema Solar, bem como nos ajudam a compreender nosso planeta natal.
O próximo passo é trazer amostras para a Terra para análises detalhadas em laboratórios sofisticados, onde os resultados podem ser verificados de forma independente, e as amostras podem ser reanalisadas, à medida que as técnicas de laboratório continuam a melhorar.
Trazer Marte à Terra não é um empreendimento simples – seria necessário, pelo menos, três missões a partir da Terra e uma, nunca antes realizada, para o lançamento de um foguete a partir de Marte.
Uma primeira missão, a Mars Rover 2020 da NASA, deverá recolher amostras da superfície em recipientes do tamanho de uma caneta, enquanto explora o Planeta Vermelho. 31 caixas serão preenchidas e preparadas para uma coleta posterior – uma espécie de geocaching interplanetário.
No mesmo período, o ExoMars da ESA, que também deverá pousar em Marte no ano 2021, irá perfurar até dois metros abaixo da superfície para procurar evidências de vida.
Uma segunda missão, com um pequeno rover, pousaria nas proximidades e recuperaria as amostras em uma operação marciana de busca e resgate.
Esse rover traria as amostras de volta ao seu módulo e as colocaria em um MAV (Mars Ascent Vehicle; veículo de subida de Marte, em português) – um pequeno foguete para lançar um contentor do tamanho de uma bola de futebol à órbita de Marte.
Um terceiro lançamento, a partir da Terra, forneceria uma nave enviada para orbitar Marte e se reunir com os contentores de amostras.
Assim que as amostras estivessem recolhidas e carregadas de forma segura em um veículo de entrada na Terra, a nave retornaria à Terra, liberando o veículo para pousar nos Estados Unidos, onde as amostras seriam recuperadas e colocadas em quarentena para análise detalhada por uma equipe de cientistas internacionais.
Estudar os conceitos
O comunicado assinado no ILA Berlim pelo Diretor de Exploração Humana e Robótica da ESA, David Parker, e pelo Administrador Associado da NASA para a Diretoria da Missão Científica, Thomas Zurbuchen, descreve os potenciais papéis que cada agência espacial poderia executar e como podem oferecer apoio mútuo.
“Uma missão de retorno de amostras de Marte é uma visão tentadora, e realizável, que se encontra na interseção de muitas boas razões para explorar o espaço”, diz David Parker.
“Não há dúvida de que, para um cientista planetário, a oportunidade de trazer amostras primitivas e cuidadosamente escolhidas do Planeta Vermelho de volta à Terra para examinar, utilizando as melhores instalações, é uma perspectiva de dar água na boca“, acrescenta o cientista.
Reconstruir a história de Marte e responder a perguntas do passado são apenas duas áreas de descoberta que avançarão dramaticamente devido a esta missão.
“Os desafios de ir a Marte e voltar exigem que sejam abordados por uma parceria internacional e comercial – os melhores dos melhores. Na ESA, com os nossos 22 estados membros e outros parceiros colaboradores, a cooperação internacional faz parte do nosso DNA”, conclui o diretor da ESA.
“Missões anteriores a Marte revelaram antigos córregos e a química certa que poderia ter apoiado a vida microbiana no Planeta Vermelho”, diz por sua vez Thomas Zurbuchen. “Trazer uma amostra forneceria um salto crítico na nossa compreensão do potencial de Marte para abrigar vida”.
“Estou ansioso para conectar e colaborar com parceiros internacionais e comerciais para enfrentar os excitantes desafios tecnológicos pela frente – que nos permitiriam trazer para casa uma amostra de Marte”, acrescenta o responsável da NASA.
A sonda ExoMars da ESA já circunda Marte para investigar sua atmosfera. Na semana passada, o dispositivo transmitiu dados do rover Curiosity da NASA para a Terra, provando, também, seu valor como um satélite de retransmissão.
As descobertas da missão ExoMars podem ajudar a decidir quais amostras armazenar e trazer para a Terra durante a missão de retorno.
A colaboração demonstra uma boa cooperação com a NASA e fornece uma infraestrutura essencial de comunicação em torno do Planeta Vermelho.