Um grupo de teólogas reinterpretaram a Bíblia do ponto de vista feminino e a reescreveram, abordando temas como o corpo, a maternidade e a sedução.
Vinte teólogas se uniram para criar um texto provocativo sobre outro livro controverso: a Bíblia. Elas imitaram, aliás, o trabalho de outras 20 mulheres reunidas pela sufragista americana Elizabeth Cady Stanton em 1895 para reescrever o conjunto de livros canônicos para cristãos e judeus.
“Uma Bíblia de mulheres”, publicado recentemente pela editora suíça Labor et Fides, fala das passagens em que as mulheres são referidas, resultando em uma espécie de reescrita da Bíblia do século XXI.
O trabalho reúne as vozes de 20 teólogas francófonas, protestantes e católicas da Europa, África e Quebec, no Canadá, que abordam a obra do ponto de vista de Maria, mãe de Jesus, através de diferentes temas, como o corpo, sedução, subordinação e maternidade.
“Aproveitando as descobertas nos estudos bíblicos e graças ao feminismo crítico, as autoras desenvolvem uma dúzia de tópicos relacionados com as mulheres e evidenciam que os textos bíblicos podem ser lidos de uma forma diferente“, lê-se na apresentação da publicação.
A ideia é “mostrar que os valores feministas não são incompatíveis com a Bíblia” e que há interpretações tendenciosas e parciais, disse Lauriane Savoy, professora da Faculdade de Teologia da Universidade de Genebra, na Suíça.
Para provar isso, Savoy cita a figura de Maria Madalena: “Ela estava com Jesus e entendeu que ele ia morrer na cruz, enquanto todos os discípulos estavam com medo, ela é a primeira a ir ao túmulo de Jesus, descobrindo a ressurreição. É uma personagem fundamental e o que lemos sobre ela é que era uma prostituta”, disse Savoy.
Ciberia // ZAP