Há toneladas de diamantes escondidos no interior da Terra, enterrados a mais de 160 mil metros abaixo da superfície, apurou um estudo científico realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em parceria com várias Universidades dos EUA, do Reino Unido, da França, da Austrália e da China.
A pesquisa realizada por essa equipe internacional de cientistas apurou que pode haver mais de um septilhão de toneladas de diamantes escondidos no interior da Terra.
Os minerais preciosos estão enterrados a mais de 160 mil metros abaixo da superfície, a uma distância impossível de alcançar para qualquer equipe de perfuração, encontrando-se espalhados pelas chamadas “rochas cratônicas“, isto é, “as seções mais antigas e mais imóveis da rocha que fica abaixo do centro da maioria das placas tectônicas continentais”, explica o MIT em comunicado.
Essas rochas têm a forma de “montanhas invertidas” e podem se prolongar até profundidades de 322 mil metros através da crosta terrestre e até o seu manto. As zonas mais profundas são conhecidas por “raízes” pelos geólogos.
O estudo publicado no jornal científico G3 – Geochemistry, Geophysics, Geosystems concluiu que entre 1 e 2 por cento das “rochas cratônicas” do manto da Terra são feitas de diamantes. Dada a sua extensão, está em jogo algo como um septilhão de toneladas de diamantes (1.000.000.000.000.000).
“Não conseguimos chegar neles, mas há muito mais diamantes lá do que já tínhamos pensado”, atesta o cientista Ulrich Faul, do Departamento das Ciências Atmosféricas, Planetárias e da Terra do MIT, citado no comunicado sobre o estudo.
As propriedades especiais do diamante
Os pesquisadores chegaram à descoberta depois de terem detectado uma anomalia nos dados sísmicos em registros feitos, ao longo de décadas, das ondas de som que se sentem através da Terra no seguimento de sismos, tsunamis e explosões.
Essas ondas de som servem para determinar onde um terremoto teve origem e também podem ser usadas para “construir uma imagem de como será o interior da Terra”, frisa o MIT.
“As ondas de som se movem a várias velocidades através da Terra, dependendo da temperatura, da densidade e da composição das rochas pelas quais viajam”, acrescenta o comunicado da entidade.
Analisando essa relação entre “a velocidade sísmica e a composição da rocha”, os cientistas conseguiram definir uma estimativa dos tipos de rochas que compõem a crosta terrestre e partes do manto da Terra (ou litosfera). E foi assim que detectaram a anomalia nos dados sísmicos.
Para identificar a composição das rochas cratônicas que poderiam explicar as anomalias detectadas, os cientistas criaram rochas virtuais compostas por diferentes combinações de minerais.
Calcularam então a velocidade das ondas de som em cada uma dessas rochas virtuais e concluíram que só um tipo de rocha poderia provocar as anomalias verificadas, e é uma rocha constituída por 1 a 2 por cento de diamantes, por peridotito e por pequenas quantidades de eclogitos.
“O diamante, de muitas formas, é especial. Uma das suas propriedades especiais é que a velocidade do som no diamante é mais de duas vezes mais rápida que no mineral dominante nas rochas do manto superior, a olivina”, constata Faul.
Por se tratar de uma porcentagem tão pequena de diamantes, não afeta a densidade das rochas cratônicas que “são como pedaços de madeira flutuando na água“, refere Faul. “São um pouco menos densas do que o seu entorno, por isso não não afundam”, continuando “a flutuar na superfície”, explica o cientista.
“Por isso, descobrimos que só são precisos 1 a 2 por cento de diamantes para os crátons serem estáveis e não afundarem”, conclui ainda o cientista.
A descoberta não é de todo surpreendente, já que “os diamantes são forjados no ambiente de altas pressões e altas temperaturas da Terra profunda e só chegam à superfície através de erupções vulcânicas que ocorrem a cada poucas dezenas de milhões de anos”, nota o MIT.
Essas erupções criam “tubos” geológicos feitos de kimberlite, um tipo de rocha, através dos quais são expelidos os diamantes e o magma das profundezas da terra.
Ciberia // ZAP