A sede do YouTube, na Califórnia, foi palco de um tiroteio nesta terça-feira (3). A atiradora, de 39 anos, fez quatro feridos e se suicidou depois do ataque.
A polícia identificou a autora dos disparos como Nasim Najafi Aghdam, de 39 anos, residente em San Diego, californiana de ascendência iraniana que publicava vídeos no site, descreve a BBC.
Na origem do conflito teria estado a “forma discriminatória” como a gigante tecnológica “filtrava” seus conteúdos. Nasim chegou a fazer um vídeo em janeiro no qual culpava a plataforma pela perda de visualizações, sua principal fonte de rendimento. “Não há oportunidades iguais de crescimento no YouTube”, acusou.
A conta de Nasim já foi entretanto fechada pelo YouTube “devido a violações repetidas ou graves” da política do site, lê-se.
O pai de Nasim Aghdam confirmou que a youtuber se sentia traída pela rede social, que utilizava há anos, e admitiu que sabia que a filha tinha ido à sede do YouTube nesta terça, apesar de não saber que tinha estado envolvida no incidente.
De manhã, a mulher tinha sido encontrada dormindo dentro de um carro num parque de estacionamento em San Bruno, Califórnia, local onde fica a sede do YouTube.
A polícia não identificou nenhum sinal suspeito, segundo o Observador. “Em nenhum momento do nosso contato com a mulher, ela indicou ser uma ameaça a si mesma ou para outros”, disse um porta-voz da polícia.
Durante duas horas, o espaço onde se localiza a sede do YouTube foi palco de cenas de caos e pânico para os funcionários que trabalham lá. De acordo com a gigante, são cerca de 1.100 pessoas, entre engenheiros, equipes de vendas, marketing e conteúdo.
Vadim Lavrusik, funcionário da empresa, relatou no Twitter que esteve barricado dentro de uma sala com alguns colegas, mas ficou são e salvo. Outra funcionária disse que quando ouviu os tiros estava em uma reunião e ligou ao seu superior, que a teria informado da existência de pelo menos um ferido no pátio que serve de refeitório.
Depois de abrir fogo, a atiradora se suicidou, referem as autoridades. A polícia acrescentou ainda que a mulher “conhecia alguém” no local, pelo que a hipótese de divergência pessoal ou familiar não está posta de lado, segundo o Diário de Notícias.
O porta-voz do hospital Zuckerberg General de São Francisco, Brent Andrew, informou que, entre os feridos, há uma mulher de 32 anos e um homem de 36, ambos em estado grave, assim como uma mulher de 27 anos em condição estável.
Inicialmente, as autoridades deram conta de quatro “vítimas de balas”, mas o chefe de policia de San Bruno, Ed Barberini, já esclareceu que uma das pessoas sofreu apenas “lesões no tornozelo“.
Esse novo tiroteio acontece enquanto o debate sobre as armas de fogo nos Estados Unidos continua a dividir fortemente a opinião pública, sobretudo depois da tragédia numa escola de Parkland, na Flórida, onde morreram 17 pessoas, no dia 14 de fevereiro.
Mais de 1,5 milhão de pessoas participaram, em 24 de março, nos Estados Unidos, de uma marcha exigindo um maior controle de armas de fogo, numa das mais importantes manifestações no país em menos de duas décadas.
Autoria dos disparos
O episódio chama atenção pela suposta autoria dos disparos: segundo um estudo recente do FBI, de 160 tiroteios similares registrados entre 2000 e 2013, apenas 6 foram conduzidos por mulheres, revela a BBC.
Extremamente raros, os casos de atiradoras mulheres representam 3,8% do total, segundo o órgão de investigação americano.
“Encontramos uma pessoa morta no prédio com um disparo contra si mesma”, disse o chefe da polícia de San Bruno, Ed Barberini, em coletiva de imprensa. “É uma mulher, mas a investigação ainda está em andamento”, explicou.
As forças de segurança de San Bruno evacuaram o local minutos após receberem “dezenas de chamadas” sobre o incidente.
Parte dos feridos foram levados para o Zuckerberg Hospital, inaugurado em 2016 após uma doação de 75 milhões de dólares do dono do Facebook, Mark Zuckerberg, e sua esposa, a pediatra Priscilla Chan.
O hospital da Universidade de Stanford informou que recebeu “quatro ou cinco pacientes” vindos da sede da empresa. O Google, dono do YouTube, informou que apoia as investigações da polícia e a situação dos enviados para hospitais.
Ciberia // ZAP