Tomografia mostra que o cérebro de Lucy era meio macaco e meio humano

carlos_lorenzo / Flickr

Lucy, uma Australopithecus Afarensis que viveu há 3 milhões de anos

O fóssil Lucy encontrado na Etiópia em 1974 tem 3,2 milhões de anos e é da espécie Australopithecus afarensis, que já andava com a coluna ereta e provavelmente usava ferramentas. Novos exames do crânio de Lucy revelaram que esses hominídeos tinham cérebros com algumas características de primatas e outras de humanos.

O cérebro humano tem estruturas específicas que o diferenciam do cérebro de primatas não-humanos, e pesquisadores sempre tentaram apontar em qual momento exato de nossa evolução essas características se desenvolveram. Teria sido durante a era dos Australopithecus ou mais tarde? Um novo estudo publicado no início de abril na revista Science Advances traz mais informações sobre isso.

Os pesquisadores analisaram seis filhotes e um segundo adulto da espécie de Lucy. Para isso, utilizaram exames de tomografia computadorizada. A partir do modelo conseguido no exame, eles construíram imagens de alta resolução de como teria sido o cérebro dos australopitecíneos.

O estudo apontou que os Australopithecus já tinham um desenvolvimento cerebral mais demorado que o dos chipanzés durante o período da infância, se aproximando mais dos humanos.

“O que é mais intrigante é que apesar de o cérebro parecer muito com o cérebro de um primata, ele tem uma característica humana: cresce por um longo período de tempo”, diz o pesquisador Phillip Gunz, do Instituto Maz Planck de Antropologia Evolutiva (Alemanha). Isso indica uma infância longa, uma característica humana.

Por outro lado, o exame de imagem revelou a presença do sulco semilunar, uma fissura nas dobras cerebrais encontradas em chipanzés. Esse sulco não costuma ser observado em cérebros humanos. Assim, a superfície cerebral parece mais com o de um primata do que com um humano.

“Temos uma tendência de ver a evolução como contínua, essa ideia de que tudo está evoluindo em sincronia é destruída por um artigo como esse. Ele mostra que como todo o resto na evolução humana, nós evoluímos mais como um mosaico, de forma modular, em que aspectos da nossa anatomia se desenvolve em ritmos diferentes”, diz um dos antropólogos que revisaram o trabalho, Jeremy DeSilva, ao portal Gizmodo.

Isso quer dizer que a evolução não acontece de forma linear, nossos ancestrais foram adquirindo algumas características humanas enquanto mantiveram outras específicas de primatas. DeSilva explica que da cintura para baixo os Australopithecus tinham uma aparência humana, enquanto da cintura para cima eram mais semelhantes aos primatas.

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