Os médicos deram apenas alguns meses de vida a Judy Perkins, depois de todos os tratamentos contra o câncer de mama que sofria terem fracassado. Passados dois anos, a norte-americana continua viva, graças a um tratamento inovador que usou suas próprias células para atacar o câncer.
Judy Perkins, uma engenheira de 52 anos com dois filhos, está livre de câncer há dois anos e fala em uma “cura milagrosa”, em declarações citadas pelo The Telegraph.
Mas os médicos esclarecem que o que está em causa é um método inovador de imunoterapia, conhecido como “transferência de células adotivas”.
A técnica passa, essencialmente, por usar as próprias células imunes dos doentes para ativar as chamadas células T, que ajudam a proteger o corpo de infecções, para introduzir anticorpos contra o câncer no organismo.
A engenheira natural da Flórida, nos EUA, tinha feito uma mastectomia em 2003, quando o câncer apareceu pela primeira vez. Dez anos depois, a doença voltou e “se espalhou de forma agressiva”, como relata o jornal britânico, constatando que as células cancerígenas se estenderam até o fígado, com tumores do tamanho de “punhos”.
Após ter experimentado sete tipos diferentes de quimioterapia, sem resultados positivos, os médicos lhe deram apenas alguns meses de vida. Mas o recurso à técnica experimental de “transferência de células adotivas” permitiu eliminar o câncer.
“A paciente chegou até nós em uma situação desesperada, com todos os tratamentos tendo fracassado”, relata ao jornal um dos médicos que acompanhou o caso, Steven Rosenberg, do Instituto Nacional de Câncer dos EUA.
Os cientistas da unidade de pesquisa retiraram um dos tumores do corpo de Judy, para determinarem quais células T que conseguiam reconhecer as células cancerígenas. Depois, ao longo de oito semanas, cultivaram essas células T selecionadas em laboratório, como explicam no artigo científico publicado na Nature Medicine.
Depois daquele período de “cultivo”, em que as células se multiplicaram, os cientistas as injetaram de novo no corpo de Judy, para “recarregar seu sistema imunológico contra o câncer”, explica o Telegraph.
“Isto é usar as próprias células de um paciente para atacar seu próprio câncer”, nota Rosenberg, evidenciando que esse é “o ponto mais importante” do caso.
A técnica já tinha surtido efeito em alguns casos de cânceres no intestino, no fígado e no colo do útero, mas nunca em situações de câncer de mama, especialmente em uma fase tão avançada.
Agora, os cientistas esperam que estes resultados possam abrir uma nova esperança no tratamento contra o câncer.
Ciberia // ZAP