O presidente dos Estados Unidos assinou a ordem executiva que prevê a reposição de várias sanções contra o Irã, afirmando que o objetivo político de Washington é impor uma “máxima pressão econômica” sobre Teerã.
A ordem executiva é assinada três meses depois de Washington ter saído do acordo nuclear com o Irã e as sanções previstas no documento entrarão em vigor a partir da meia-noite (hora local em Washington).
O acordo nuclear foi assinado em 2015 entre o Irã e o grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).
Com exceção de Washington, os restantes continuam comprometidos com o protocolo, que previa o congelamento do programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções econômicas.
Em comunicado, o chefe de Estado norte-americano reiterou nesta segunda-feira (6) que o acordo de 2015 foi “horrível e unilateral”, salientando que o protocolo acabou por proporcionar ao governo iraniano o dinheiro necessário para promover um clima de conflito no Oriente Médio.
“Instamos todas as nações a tomar medidas que deixem claro que o regime iraniano enfrenta uma escolha: ou mudar seu comportamento ameaçador, desestabilizador e a se reintegrar na economia global, ou continuar em um caminho de isolamento econômico”, frisou Trump.
O presidente advertiu igualmente que aqueles que não abandonarem os respectivos laços econômicos com o Irã “correm o risco de sofrer severas consequências” à luz das sanções agora repostas.
Trump reiterou igualmente a sua disponibilidade de firmar um novo acordo, “mais amplo”, com o Irã, um texto que não se limite ao programa nuclear iraniano.
“Estou aberto para alcançar um acordo mais amplo, que aborde todo o conjunto de atividades malignas do regime, incluindo seu programa de mísseis balísticos e seu apoio ao terrorismo”, disse Trump, citado em comunicado divulgado pela Casa Branca.
Antes da divulgação da nota, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já tinha assegurado que as novas sanções contra o Irã vão ser impostas de forma rigorosa e que serão mantidas até que o governo iraniano altere sua política.
Em declarações aos jornalistas no regresso aos EUA, após uma deslocação ao sudeste asiático, Pompeo disse ainda que o restabelecimento das sanções constitui um importante pilar da política norte-americana frente ao Irã.
Um alto funcionário da administração norte-americana afirmou que a ordem executiva firmada por Trump volta novamente a penalizar o comércio do ouro, de metais preciosos e outros, incluindo alumínio e aço, mas também repõe sanções ao setor automobilístico iraniano.
O decreto presidencial proíbe igualmente transações financeiras relacionadas com o sistema ferroviário, impede a aquisição de dólares por parte de Teerã e prever a imposição de sanções a todos que comprarem ou facilitarem a emissão de dívida soberana iraniana.
Rohani responde
O presidente do Irã, Hassan Rohani, respondeu ao homólogo norte-americano, afirmando ser insensato associar negociações a sanções e classificando a postura de Washington como “contraditória”. “Não se pode negociar ao mesmo tempo que há sanções”, disse.
“Associar negociações a sanções é insensato. Impõem sanções às crianças iranianas, aos doentes e à nação”, disse o chefe de Estado iraniano, em entrevista à televisão estatal iraniana, algumas horas antes da entrada em vigor das sanções norte-americanas.
“Aquele que fala em negociações tem que demonstrar que quer solucionar algo com as negociações”, destacou Hassan Rohani.
Na mesma entrevista, o chefe de Estado acusou ainda os EUA de quererem promover uma “guerra psicológica” contra o país. “Querem lançar uma guerra psicológica contra a nação iraniana e provocar divisões” entre os iranianos, disse o representante.
Ciberia, Lusa // ZAP