Uma técnica usada pelos antigos egípcios pode ajudar a revolucionar o mercado das baterias dos carros elétricos, ajudando a criar combustíveis mais baratos e mais eficientes, depois de ter servido de inspiração para uma pesquisa científica.
Uma equipe de engenheiros químicos da Universidade John Hopkins, nos EUA, se inspirou na antiga técnica egípcia de douramento para revestir núcleos de cobalto com uma fina película de platina. Assim, conseguiu “produzir células combustíveis mais eficientes e mais limpas”, salientam os cientistas em comunicado sobre a pesquisa.
Os artistas egípcios costumavam cobrir materiais baratos, como o cobre, por exemplo, com finas camadas de metais preciosos, como o ouro, para criar joias e máscaras com um ar mais nobre e luxuoso.
Os engenheiros Chao Wang e Lei Wang, que lideraram a pesquisa, aplicaram a mesma técnica de douramento, usando uma microscópica camada de platina, de valor muito elevado, para revestir um núcleo muito mais barato de cobalto.
“Este casamento microscópico pode se tornar um catalisador crucial em novas células combustíveis que geram corrente elétrica para alimentar carros e outras máquinas”, explicam os engenheiros.
A “técnica reduz a quantidade de platina valiosa que é necessária para as baterias de carros elétricos e aumenta a performance em dez vezes“, referem ainda os cientistas cuja pesquisa foi publicada no jornal científico Nano Letters.
A platina já é usada como catalisador nos atuais carros eléctricos, mas é um material extremamente trabalhoso. A nova técnica dos cientistas da Universidade John Hopkins torna o processo mais barato, uma vez que exige o uso de uma quantidade muito menor de platina.
A descoberta pode, assim, revolucionar o mercado dos carros elétricos, tornando-os também mais baratos.
“A técnica pode acelerar o fim da era dos combustíveis fósseis“, destaca Chao Wang, evidenciando que “reduzirá o custo das células de combustível” e também “melhorar a eficiência e a performance energética dos veículos eléctricos limpos movidos a hidrogênio”.
“Conseguimos esticar significativamente os benefícios da platina, revestindo-a sobre o cobalto, e até conseguimos melhorar a atividade da platina ao mesmo tempo”, destaca Lei Wang. O cientista faz referência ao fato de as nanopartículas de cobalto-platina terem revelado “um desempenho quase 10 vezes melhor que a platina sozinha”.
“O contato íntimo entre o cobalto e a platina dá origem a uma tensão compressiva” e “encurta a distância entre os átomos de platina, tornando as reações químicas mais viáveis na superfície”, acrescenta Lei Wang.
Agora, os cientistas tentam adaptar a técnica a outros metais e afirmam que ela pode ter aplicações muito variadas, uma vez que a platina é usada em diversos processos industriais.
“Muitas reações que dependem de catalisadores de metais preciosos podem se tornar mais baratas e mais eficientes com a nossa tecnologia”, conclui Chao Wang.
Ciberia // ZAP