Agência da ONU informou que novo medicamento forneceu “alta proteção” contra a doença; testes foram feitos na Guiné, um dos países mais atingidos pelo surto que começou em 2013 e causou a morte de mais de 11 mil pessoas.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, afirmou que os testes finais sobre a vacina experimental contra o Ebola mostram que o novo medicamento fornece “alta proteção” às pessoas.
Os resultados dos testes foram publicados esta sexta-feira na revista médica especializada “The Lancet”.
A vacina, chamada de rVSV-ZEBOV, é a primeira a agir para evitar infecção de um dos patógenos mais letais da atualidade. O estudo envolveu quase 12 mil pessoas na Guiné, em 2015.
Dos quase 6 mil que receberam o medicamento, nenhum caso de Ebola foi registrado 10 dias ou mais depois da vacinação. Em comparação, entre a outra metade que recebeu um placebo em vez do medicamento, foram registrados 23 casos da doença.
A diretora-geral assistente da OMS, Marie-Paule Kieny, disse que “apesar dos resultados terem vindo tarde demais para os que perderam a vida por causa da epidemia na África Ocidental, que começou em 2013, o mundo não estará indefeso quando o próximo surto acontecer”.
Desde que o vírus Ebola foi identificado inicialmente em 1976, vários surtos esporádicos foram registrados na África.
Epidemia
A agência afirmou que a epidemia na África Ocidental entre 2013-2016, que causou a morte de mais de 11,3 mil pessoas, acabou sinalizando a necessidade de uma vacina.
Os óbitos aconteceram, em sua grande maioria na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa. Mais de 28,5 mil pessoas foram infectadas com o vírus Ebola.
Os testes ocorreram na região costeira da Guiné, em Basse-Guiné, área que ainda registrava casos da doença naquele período. Os especialistas usaram uma estratégia chamada “anel de vacinação“, numa tradução livre, que foi a mesma usada pelos cientistas para erradicar a varíola.
Quando um novo caso da doença era diagnosticado, a equipe de pesquisadores identificava todas as pessoas que estiveram em contato com o paciente nas últimas três semanas, tempo médio de incubação do vírus.
Foram criados no total 117 anéis, com cerca de 80 pessoas em cada um, incluindo a família direta do doente, parentes e amigos que o visitaram e também, pessoas que tiveram contato com roupas sujas ou roupas de cama usadas pelo paciente.
Em janeiro, a Aliança Gavi forneceu US$ 5 milhões à companhia farmacêutica Merk para contratos futuros quando a vacina estiver aprovada, pré-qualificada e recomendada pela agência da ONU.
Como parte do acordo, a Merk se comprometeu a disponibilizar 300 mil doses da vacina para uso de emergência.
A OMS informou que serão necessários mais estudos para que os pesquisadores possam comprovar a segurança do uso da vacina por crianças e outras populações mais vulneráveis, como as pessoas com HIV.
// Rádio ONU