A cocaína chegou à Antártida – e essa é uma péssima notícia

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Pinguins na Antárctica

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Uma pesquisa científica detectou a presença de cocaína, ibuprofeno, paracetamol e cafeína nas águas da Antártida em níveis semelhantes aos das águas europeias e de outros continentes mais povoados.

A pesquisa, realizada por cientistas espanhóis e argentinos, foi o primeiro estudo realizado sobre a presença de medicamentos e drogas ilegais no continente menos habitado da Terra – com uma população que oscila entre os mil e os 4 mil habitantes.

Os pesquisadores recolheram amostras de água de riachos, de lagoas e de descargas de águas residuais sem considerar zonas “sensíveis” devido ao turismo e à presença de bases científicas. Eles procuravam a presença de 21 diferentes medicamentos e substâncias químicas e drogas ilegais e “12 apareceram nas análises”, salienta o jornal El País, que divulga o estudo.

Os compostos de maior concentração são anti-inflamatórios e analgésicos que apresentam um “elevado risco ao meio ambiente”, de acordo com o artigo científico sobre o estudo publicado no jornal Environmental Pollution.

Foram também detectadas “concentrações preocupantes de antibióticos nas águas residuais de uma das bases analisadas”, destaca o El País, e uma forte presença da cafeína e de efedrina, substância usada em medicamentos.

Foi igualmente detectado o principal metabolito da cocaína próximo de uma base científica e militar argentina em concentrações “semelhantes” às detectadas em rios da Espanha, Itália, Bélgica e do Reino Unido.

Segundo um estudo realizado em 2013, a concentração de cocaína nos rios de Madrid era “a mais alta da Espanha e da Europa”, diz o El País.

No caso da Antártida, que tem tido um crescimento em termos de turismo, com o número de visitantes subindo todos os anos, “a presença humana está introduzindo contaminantes não analisados até agora que, em função da sua toxicidade, persistência e bioacumulação podem resultar em danos no ecossistema antártico“, alerta Yolanda Valcárcel, da Universidad Rei Juan Carlos de Madrid, que é uma das coautoras do estudo.

O estudo revela que, embora a presença das substâncias “possa se dever ao consumo ocasional, inclusive fora da zona analisada, é aconselhável realizar um controle contínuo devido aos potenciais riscos que pode supor para os ecossistemas aquáticos da Antártida”.

As substâncias poluidoras são tanto mais potencialmente ameaçadoras quanto as “condições climáticas especiais do continente antártico”, onde os “frios extremos” podem “atrasar ou dificultar os processos de degradação microbiana e de fotodegradação deste tipo de contaminante”, destaca ao El País Luís Moreno, cientista do Instituto Geológico e de Mineração da Espanha e coautor do estudo.

// ZAP

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