Uma investigação sobre um tema completamente diferente encontrou uma pista em um jornal indiano da época que permitiu desvendar o mistério da expedição enviada por Luís XVI ao Pacífico.
Um dos enigmas mais duradouros do tempo do Iluminismo, época em que os exploradores europeus correram o mundo em busca de tesouros e fama, ocorreu com o navegador francês Jean François Galaup, conde de La Pérouse. Mais de 200 anos depois, o mistério do seu desaparecimento pode ter sido desvendado, escreve a IFLScience.
La Pérouse partiu da França no ano de 1785 em direção ao oceano Pacífico por ordem do rei Luís XVI, para reconhecer os territórios que não tinham sido ainda explorados pelo britânico James Cook.
A expedição, que contava com 225 tripulantes a bordo de dois navios, contornou o Cabo Horn, no Chile, passou pelo Havaí e navegou até o Alasca, China e Rússia antes de alcançar a baía de Botany, na costa sudeste da Austrália.
Em 1788, os navios – o Bússola e o Astrolábio – naufragaram próximo das Vanikoro, atuais Ilhas Salomão. Os sobreviventes construíram um barco com os restos do naufrágio que chegaram à costa e navegaram para encontrar ajuda. Foi então que seu rastro foi perdido para sempre no Pacífico. Ou pelo menos era esta a teoria contada até agora.
Descobrimento inesperado
Por muito estranho que pareça, a pista que levou à resolução deste mistério estava na Índia. Garrick Hitchcock, antropólogo da Universidade Nacional da Austrália e coautor do estudo publicado no Journal of Pacific History, investigava a história do Estreito de Torres, que separa a Austrália da Nova Guiné, quando tropeçou em uma edição de 1818 do jornal indiano The Madras Courier.
Um artigo fazia referência a um navegador indiano, Shaik Jumaul, que era um náufrago da costa norte de Queensland, em 1814, e que conseguiu chegar à ilha de Murray, onde viveu durante quatro anos e aprendeu a língua e seus costumes.
O indiano ficou surpreendido com o fato de os habitantes possuírem vários tecidos e mosquetes (um tipo de arma) que não eram ingleses. E foi então que contaram a ele que, 30 anos antes, um navio tinha naufragado perto da ilha.
Parte da tripulação alcançou a costa, onde teve um confronto violento contra eles, e só um garoto sobreviveu, tendo sido criado pelos locais e onde mais tarde se casou com uma nativa.
A linha do tempo desta história se encaixa perfeitamente com a da expedição francesa e existe ainda a informação de que havia um menor a bordo chamado François Mordelle.
Segundo o IFLScience, parece que Mordelle foi o único sobrevivente da infeliz travessia, que resultou no primeiro naufrágio conhecido no Estreito de Torres e um mistério que ainda durou cerca de 250 anos.
Ciberia // ZAP