Pensando na dificuldade do aprendizado de estudantes com deficiência visual, Eduardo Souza e Laíse dos Sales, respectivamente do 1º e 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Luiz Viana Filho, de Irecê (BA), criaram um mapa acessível do Brasil.
Eles utilizaram materiais como retalhos de tecidos, papel camurça, cola 3D e folhas de E.V.A. O mapa possui texturas diferentes, feitas especialmente para os colegas cegos.
A ideia do projeto partiu de Eduardo, que possui um colega de sala que é cego, o Frailan. O estudante ficou curioso em saber como seria lecionar para alguém com essa deficiência. Além disso, o pai de Laise também é cego, o que a ajudou na inspiração para o projeto.
“Nosso objetivo é proporcionar uma ferramenta para que as pessoas com deficiência visual possam aprender os assuntos relacionados às regiões do Brasil”, explica Eduardo. Mas quem vê o ótimo resultado final, provavelmente não imagina como foi difícil o processo.
Primeiro, eles procuraram os professores e descobriram que não havia material específico para alunos cegos na própria escola. Após uma pesquisa, os estudantes descobriram globos terrestres que são capazes de transmitir o aprendizado. Infelizmente, esse material possui um alto custo para ser produzido.
A alternativa encontrada foi a construção um mapa tátil, com o apoio da professora Alda Freitas, professora de geografia e orientadora do projeto, intitulado de “Mapa tátil das regiões brasileiras: conhecendo o Brasil com as mãos”.
Para obter uma versão fiel dos mapas já existentes, os alunos pesquisaram e realizaram testes com integrantes da Associação de Deficientes Visuais de Irecê e Região (Adevir).
De acordo com João Cordeiro, o presidente da Adevir, a experiência de conhecer as regiões foi marcante para os membros da associação.
“Eles se surpreenderam com esse trabalho, mas principalmente as pessoas que nunca enxergaram. O mapa possibilita a noção exata de onde há terra e de onde está o mar e a Amazônia, por exemplo, que são áreas muito importantes, mas que os estudantes geralmente desconhecem pelo fato de as escolas não terem essa ferramenta para as pessoas cegas”, explica.
O projeto também causou impacto na própria professora, que relatou que ele possibilitou mudanças nas próprias práticas pedagógicas. “A ação dos alunos me causou uma inquietação e me provocou a conhecer melhor a educação inclusiva, sendo que todos os alunos têm a mesma necessidade e direito de aprender”, destaca Alda.
Apesar de muito bem-sucedido, os estudantes ainda enfrentam dificuldades para levá-lo adiante, pois não possuem recursos para produzir os próximos mapas.
Mesmo assim, o grupo pretende confeccionar novas unidades a serem distribuídas gratuitamente em outras escolas do município e associações de pessoas com deficiência visual. Eles também planejam realizar a inscrição na Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA), do próximo ano.
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