Arqueólogos mexicanos desvendaram o mistério em torno de uma estrutura de pedra encontrada na base de um vulcão, pensando se tratar de um santuário que representa a criação do mundo à imagem das lendas mesoamericanas.
O santuário de pedra, conhecido por tetzacualco, foi encontrado em Nahualac, no município mexicano de Amecameca, na base do vulcão Iztaccihuatl. A estrutura foi colocada dentro de uma lagoa para parecer que flutuava, indo ao encontro das lendas mesoamericanas sobre a criação da Terra.
“Alguns mitos mesoamericanos sobre a criação do mundo assinalam que Cipactli (o monstro da terra) flutuava sobre as águas primordiais e que, a partir do seu corpo, se criou o céu e a terra“, destaca o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México em comunicado sobre a pesquisa em torno do achado arqueológico.
A estrutura encontrada em Nahualac ilustraria essa ideia mítica, como uma “representação de um tempo e espaço primogênito”, uma espécie de “modelo miniatura do universo”, destaca o INAH.
O santuário, que se encontra a 3.870 metros acima do nível do mar, foi descoberto no século XVI mas, só agora, graças a novas escavações lideradas pela arqueóloga do INAH, Iris del Rocío Bautista, foi possível descobri-lo com mais detalhe.
Os pesquisadores acreditam que o santuário foi construído por uma civilização mesoamericana ainda não identificada, anterior aos Astecas. Dataria do chamado período Tolteca, situado entre os séculos IX a XIII.
Nas escavações, que prosseguem, os arqueólogos encontraram fragmentos cerâmicos, materiais de lítio, lápides e restos orgânicos que datam do período entre 750 e 1150 depois de Cristo.
Um microcosmos do nosso mundo
Bautista revela que há indícios de que os autores da construção desviaram duas fontes de água para conseguirem criar a lagoa onde se encontra. Um “controle ritual da água” que visava dar forma à lenda da criação do mundo, dando a ideia de que “os montículos de pedra flutuavam sobre o espelho de água que, por sua vez, reflete a passagem circundante”, explica o INAH.
“Os efeitos visuais, além das características dos elementos que compõem o local e da relação que mantêm entre si, fazem supor que Nahualac pode representar um microcosmos que evoca as águas primordiais e o início do tempo-espaço mítico“, destaca.
A utilidade que era dada ao santuário, além do seu papel de representação, não foi ainda desvendada. Mas algumas teorias apontam que havia sacrifícios de crianças no local até por volta do século XVI, como lembra o site Live Science, citando o escritor mexicano Bautista Pomar. O autor alega que o santuário tinha uma estátua de Tlaloc, deus da chuva, e que eram feitos “sacrifícios de crianças inocentes” em sua homenagem.
Ciberia // ZAP