Os cientistas descobriram recentemente os restos de uma vasta extensão de fluxos de lava subaquática perto da costa australiana, uma paisagem subaquática em nada diferente do reino carbonizado de Mordor, descrito em “O Senhor dos Anéis” – mas sem sinais de Sauron.
Com a utilização de tecnologia avançada, a equipe de cientistas descobriu os restos de 26 antigos fluxos de lava, que mediam até 34 quilômetros em comprimento e 15 quilômetros em largura. O estudo foi publicado na American Geophysical Union Journal, em novembro.
Com um máximo de 625 metros de altura, os picos do terreno não iriam facilitar a vida de Frodo Baggins, se não estivessem submersos, mas é a forma como os pesquisadores olharam para baixo do sedimento do fundo do oceano que torna a descoberta notável.
“Ao utilizar dados recolhidos através da exploração de óleos, fomos capazes de mapear os antigos fluxos com detalhes sem precedentes, revelando uma paisagem vulcânica espetacular que traz à mente ilustrações d’O Senhor dos Anéis”, disse um dos membros da equipe, Nick Schofield, da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido.
“Os fluxos de lava submarinos são inerentemente mais difíceis de se estudar do que seus homólogos na superfície terrestre devido à inacessibilidade, e a tecnologia usada é semelhante em muitas formas à usada para produzir ecografias de bebês, mas para a Terra”, explica.
Chama-se dados de reflexão sísmica em 3D e é obtido através da digitalização de superfícies com ondas sísmicas.
Ao medir a forma como estas ondas se recuperam, os cientistas conseguem determinar a composição das características subterrâneas, que de outra forma, estariam escondidas da vista – neste caso, até 250 metros de sedimento.
Além das semelhanças com a paisagem de O Senhor dos Anéis, a descoberta poderia, de fato, nos ensinar mais sobre como os fluxos de lava entram em erupção e se espalham. As primeiras erupções, acredita-se, aconteceram há 35 milhões de anos.
Parte do que os cientistas descobriram na Bacia Bight, perto da costa sul da Austrália são uma série de kīpukas subaquáticas, ou ilhas criadas por fluxos de lava formados em volta dos limites.
Alguns destes fluxos de lava nunca foram estudados debaixo d’água antes. Com mais de dois terços da atividade vulcânica na Terra acontecendo submersos, quanto mais pudermos aprender sobre estes fluxos, melhor.
Todos os fatores têm que ser levados em consideração para formar modelos precisos, incluindo o tamanho da erupção, mas este Mordor de profundidade dá aos especialistas uma paisagem do mundo real para analisar.
O que torna este local, em particular, apto para estudos é o fato de os fluxos de lava estarem relativamente próximos da superfície e não estarem cobertos por basalto, o que tornaria a digitalização sísmica mais difícil.
“Ao usar esta técnica, temos uma visão única de uma paisagem que permaneceu escondida por milhões de anos, destacando a importância crescente de dados sísmicos no estudo do vulcanismo submarino”, disse Schofield.
Ciberia // ZAP