Mais de 1.700 moradores tiveram que abandonar as ruas rachadas e queimadas de Leilani Estates, no Havaí, na semana passada, sem saber quando poderão voltar para as suas casas.
A recente explosão na verdade não é nada nova: começou em 1983, e a destruição que desencadeada agora é apenas a última de 62 episódios de uma erupção contínua.
As fontes de lava ígnea e a erupção do vulcão Kīlauea resultaram até agora em 12 fissuras vulcânicas em Leilani Estates, com magma derretido a escorrer e consumindo tudo o que aparece no caminho.
Infelizmente, os cientistas dizem que é impossível saber se o episódio irá durar semanas, meses ou até mesmo anos.
Enquanto alguns locais atribuem a destruição a Pele, a deusa havaiana do fogo, que, de acordo com os locais, estaria tentando recuperar seu território, os cientistas têm uma perspectiva diferente.
Chamada de “erupção fissural”, esse tipo de explosão vulcânica é bastante imprevisível. “Não podemos espiar através do solo e vê-la exatamente em todos os detalhes e complexidades”, disse o vulcanologista Bill Chadwick, da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA.
O episódio mais recente ocorreu quando o solo do lago de lava no interior do vulcão entrou em colapso, o que forçou todo o conteúdo fundido a ser empurrado pelo sistema de magma subterrâneo do Kīlauea.
Os cientistas não sabem o que fez o lago ceder, mas quando isso aconteceu, o magma pressurizado desencadeou uma série de terremotos ao se lançar por novos canais de rocha, incluindo um tremor de 6,9 na Escala Richter, o mais poderoso desde 1975.
A maior ameaça, porém, parecem ser as fissuras vulcânicas. A Agência de Defesa Civil do Havaí chama a situação de “chafariz vulcânico ativo”. Durante dias, vapor quente e gases nocivos têm subido das fissuras antes de o magma irromper, com fontes de lava a alcançar os 100 metros de altura.
Por conta de todos os canais através dos quais pode escorrer magma do Kīlauea, é improvável que haja pressão suficiente para criar uma enorme explosão vulcânica. A longo prazo, contudo, não há como dizer onde ou quando essas fissuras – com seus fluxos de lava e gases tóxicos – podem aparecer.
“É como um cano com vazamento, onde o magma desce e chega a um ponto em que a pressão aumenta o suficiente para começar a rachar a superfície”, disse o vulcanologista Erik Klemetti, da Universidade de Denison, nos EUA.
Isso significa que, mesmo que uma casa hoje pareça perfeitamente segura, pode ser destruída por um fluxo de lava daqui a cinco anos se a erupção continuar. Os moradores têm vivido com essa incerteza desde 30 de abril, quando o chão do Kilauea desmoronou e forçou a evacuação de uma área cada vez maior na região.
Ciberia // HypeScience / ZAP