Os Estados Unidos são agora o segundo país do mundo onde há mais jornalistas mortos. Os norte-americanos estão empatados com a Síria, e atrás apenas do Afeganistão.
O tiroteio na redação do jornal Capital Gazette, em Annapolis, no estado norte-americano do Maryland, que causou a morte de quatro jornalistas e vários feridos, poderá vir a ser arquivado como um massacre aleatório. Mas está longe de ser apenas mais um tiroteio entre os muitos outros que ocorrem com “naturalidade” em terras de Tio Sam.
Segundo o The Observer, o resultado do tiroteio catapulta os Estados Unidos para o segundo lugar entre os países com mais jornalistas mortos no mundo – à frente de países com regimes brutais, como a Rússia e a Ucrânia, onde vários jornalistas que investigavam Vladimir Putin foram mortos nos últimos anos, e da China e Coreia do Norte.
Mas, segundo destaca o jornal norte-americano, o número de jornalistas mortos em países supostamente democráticos tem aumentado – com destaque para o caso midiático do Charlie Hebdo, na França, que provocou a morte de cinco dos colunistas do jornal satírico.
Em alguns países, como a Colômbia e o México, o tráfico de drogas tem sido responsabilizado pelo grande número de vítimas entre jornalistas. No Paquistão, Índia, Sri Lanka, por outro lado, a culpa pela morte de jornalistas é atribuída ao terrorismo. A Eslováquia, por sua vez, está de luto pela morte de um jornalista que investigava ligações entre máfia e políticos.
Algumas das mortes de jornalistas ocorrem também em países como a Turquia e as Filipinas, cujos chefes de estado, Recep Erdogan e Rodrigo Duterte, rejeitam abertamente o escrutínio da imprensa e apelam à perseguição de jornalistas.
Em discurso durante a campanha eleitoral, Duterte afirmou que jornalistas são miseráveis. “Eles destroem as pessoas e famílias. Eles morrem. Matem o jornalismo. Parem o jornalismo no país”.
Quatro jornalistas foram assassinados nas Filipinas desde que Rodrigo Duterte assumiu a presidência do país, há pouco mais de um ano.
Mas após o massacre de Annapolis, que causou cinco mortos, os Estados Unidos surgem à frente de todos esses países, empatados com a Síria no número de jornalistas mortos em 2018. Os EUA estão atrás apenas do Afeganistão, país onde 10 jornalistas foram assassinados nos últimos seis meses .
Segundo o The Observer, que cita dados do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), foram registrados 11 jornalistas mortos nos Estados Unidos entre 1992 e 2017, e esse número pode duplicar após o tiroteio no Capital Gazette, se os feridos no ataque que se encontram em estado grave não sobreviverem.
E esse é um aspecto que o presidente Donald Trump possivelmente não estaria contando para tornar a América grande outra vez.
Ciberia // ZAP