Os famosos lanchinhos noturnos ou os jantares tardios podem aumentar o risco de câncer, de acordo com um novo estudo que mostra os danos causados pela interrupção do relógio interno do nosso corpo.
Cientistas espanhóis descobriram que pessoas que comem regularmente depois das 21h, ou menos de duas horas antes de irem para a cama, têm 25% mais riscos de vir a ter câncer de mama ou na próstata, informa o Independent.
A equipe de pesquisadores, do Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal), considera que o resultado desses jantares tardios força o metabolismo do nosso corpo a acelerar, quando devia estar a fazer exatamente o contrário para podermos dormir descansados.
Essa teoria segue vários outros estudos importantes que analisaram os danos causados pelo trabalho por turnos, uma rotina frequente em profissões como, por exemplo, os enfermeiros, e a ligação dessas ocupações com o risco particularmente alto de ter câncer na próstata ou de mama.
Esses tipos de câncer estão intimamente ligados com sinais hormonais e são frequentemente tratados com testosterona ou terapias de bloqueio de estrogênio.
Os hormônios são mensageiros químicos que podem nos deixar sonolentos, com fome e estressados e, portanto, estão muito relacionados com os ritmos circadianos do corpo – o relógio interno que é definido pelo ciclo dia-noite.
“Nosso estudo concluiu que aderir aos padrões alimentares diurnos está associado a um menor risco de câncer”, explica Manolis Kogevinas, autor principal do estudo publicado, na terça-feira (17), no International Journal of Cancer.
“As conclusões nos mostram a importância de avaliar os ritmos circadianos em estudos sobre dietas alimentares e risco de câncer”, acrescenta o pesquisador, citado pelo jornal.
A equipe analisou 1.800 pacientes espanhóis com câncer de mama e na próstata, bem como mais de 2 mil pessoas que não eram afetadas pela doença, bem como seus padrões de alimentação e sono e todas as medidas para se manterem saudáveis.
Os cientistas perceberam que os pacientes com câncer eram aqueles que mais comiam os famosos lanchinhos noturnos, mesmo depois de ter em conta outros hábitos de saúde e padrões alimentares ou de sono.
Atualmente, as diretrizes internacionais sobre a prevenção do câncer não mencionam o potencial impacto do horário das refeições, embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) liste o trabalho por turnos como um fator de risco.
Estudos anteriores sobre os efeitos dessas refeições em animais mostraram “efeitos profundos na saúde” e os pesquisadores consideram que, se mais estudos replicarem essas conclusões, pode haver causa suficiente para que essas diretrizes sejam atualizadas.
“É preciso mais pesquisa em humanos para perceber as razões por trás desses resultados, mas tudo parece indicar que o tempo de sono afeta a nossa capacidade de metabolizar alimentos”, diz Dora Romaguera, que liderou a pesquisa.
Ciberia // ZAP