De acordo com um novo estudo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, há uma crescente evidência de que tomar anticoncepcionais hormonais aumenta o risco relativo de desenvolver câncer de mama.
Essa ligação já era conhecida, mas a diferença é que o estudo se centrou principalmente nas formulações e nos métodos de entrega anticoncepcional desenvolvidos desde meados da década de 1990, o que significa que mesmo os novos contraceptivos no mercado ainda podem causar esse problema.
A pesquisa foi publicada essa quinta-feira no The New England Journal of Medicine.
Os pesquisadores coletaram dados de cerca de 1,8 milhão de mulheres dinamarquesas entre 15 e 50 anos. Os dados foram retirados do Registro Nacional de Estatísticas de Medicamentos, rastreando em média quase 11 anos da vida dessas mulheres desde 1995, e incluindo detalhes sobre mais de 11.500 casos de câncer de mama.
Para aquelas que tomaram alguma forma de contraceptivo hormonal – seja oralmente, através de um implante, DIU ou anel vaginal -, o risco de contrair câncer de mama foi comparativamente aumentado.
Esse risco dependia da quantidade de tempo que elas estavam tomando o contraceptivo. Se fosse por menos de um ano, o aumento era de aproximadamente 9%. Por mais de uma década, de 38%.
Curiosamente, para aquelas que tomaram contracepção hormonal por mais de 5 anos, um pequeno, mas significativo risco permaneceu após a interrupção do uso. Estudos anteriores não encontraram tal persistência nos riscos, ressaltando a necessidade de investigações mais aprofundadas.
Essa pesquisa se destaca não só pelo grande tamanho da amostra, mas também pelo fato de que permitiu à equipe comparar várias formulações de controle de natalidade hormonal.
Embora existam algumas diferenças sutis, em conjunto, a pesquisa sugere que mesmo novas gerações de anticoncepcionais, como implantes à base de progestágenos, ainda podem aumentar o risco de câncer de mama, segundo diz Lina Morch, epidemiologista da Universidade de Copenhaga e autora principal da pesquisa.
Um risco aumentado de 38% pode parecer terrível, mas é importante ter em mente que o risco geral de câncer de mama entre as mulheres – enquanto alto em comparação com a maioria dos cânceres – ainda é relativamente raro em mulheres mais jovens.
Em um editorial sobre o estudo, David Hunter, do Departamento de Saúde da População de Nuffield, colocou os resultados em perspectiva. Segundo ele, o risco maior de câncer de mama entre as mulheres que atualmente utilizam anticoncepcionais hormonais deve ser colocado no contexto das baixas taxas de incidência entre mulheres mais jovens.
Entre as menores de 35 anos, tomar um contraceptivo hormonal por menos de um ano adicionou apenas um novo caso de câncer de mama para cada 50.000 mulheres.
Existem outros fatores de risco a se considerar também, incluindo idade e histórico familiar. O estudo fez o melhor para levar em conta coisas como gravidez e riscos herdados, mas não inclui fatores como atividade física.
Hunter acrescenta que, em contraste com um risco aumentado de câncer de mama, os anticoncepcionais orais reduzem as chances de desenvolver outras doenças mais tarde na vida.
“Além do fato de que eles fornecem um meio eficaz de contracepção e podem beneficiar as mulheres com dismenorreia ou menorragia, o uso de contraceptivos orais está associado a reduções substanciais nos riscos de câncer de ovário, endométrio e colorretal mais tarde na vida”, disse o pesquisador.
Melhor ainda, os benefícios se mantêm por décadas depois que as mulheres param de usar a contracepção, ao contrário dos riscos, que se afastam muito mais rapidamente.
No geral, estudos como este devem inspirar esforços contínuos para desenvolver anticoncepção livre de riscos e efeitos colaterais.
// HypeScience / Science Alert