A Nobel da Paz Aung San Suu Kyin disse nesta quinta-feira (13) que os repórteres da Reuters que investigavam o massacre de rohingyas “não foram presos por serem jornalistas”, mas porque “violaram a lei”.
Na opinião da líder de fato de Myanmar, o país podia ter lidado melhor com a crise dos rohingya, num momento em que enfrenta pressões internacionais sobre atrocidades cometidas sobre a minoria muçulmana.
“Em retrospectiva, a situação poderia ter sido tratada melhor”, disse Aung San Suu Kyi no Fórum Econômico da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que decorre em Hanói, no Vietnã.
A prêmio Nobel da Paz é diretamente visada em um relatório da ONU, no qual se lamenta que Suu Kyi não tenha usado sua “autoridade moral” para tentar impedir a campanha do exército e das milícias budistas, que obrigou à fuga de mais de 700 mil rohingyas para Bangladesh.
Na intervenção, Suu Kyi disse ainda que os dois repórteres da agência de notícias Reuters, condenados por investigarem o massacre dos rohingya, não foram condenados por serem jornalistas, mas porque violaram a lei.
“Eles não foram presos por serem jornalistas”, mas porque “o tribunal decidiu que eles violaram a lei”, disse, comentando, pela primeira vez, o julgamento de 4 de setembro, no qual Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, foram condenados por violação da “lei dos segredos oficiais”, uma lei de 1923.
Ambos foram presos em dezembro e acusados de terem recebido “importantes documentos secretos” de dois policiais que tinham estado em Rakhine, onde as forças de segurança são acusadas de assassinatos em massa de rohingyas.
Em 10 de setembro, Michelle Bachelet, alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, apelou para a criação de um organismo internacional independente para reunir provas sobre os crimes mais graves cometidos contra os rohingyas em Myanmar.
Bachelet explicou que o objetivo é complementar e apoiar o trabalho do Tribunal Penal Internacional (TPI), que já se declarou competente para investigar a deportação da minoria muçulmana e que poderá constituir um crime contra a humanidade.
Ciberia, Lusa // ZAP