O Japão quer assemelhar-se às demais potências asiáticas e fazer com que nomes japoneses sejam escritos com o sobrenome à frente do nome de batismo — e não depois, como nos países ocidentais, afirmou o chanceler do país, Taro Kono.
Na língua japonesa, assim como em outros idiomas orientais, é comum que o sobrenome seja dito antes do nome de batismo. No entanto, segundo o jornal Japan News, no século 19, em meio à crescente influência da cultura ocidental no país, essa ordem foi mudada na escrita de nomes japoneses em línguas estrangeiras.
O debate de voltar à ordem sobrenome-nome existe há décadas e agora é revivido por Taro Kono (ou melhor, Kono Taro?).
“Planejo pedir às organizações de imprensa estrangeira que façam isso (escrevam sobrenomes antes dos nomes)”, afirmou o chanceler a jornalistas. “Veículos nacionais de imprensa que tenham serviços em inglês também devem considerar a questão.”
Com a mudança, o premiê japonês Shinzo Abe passaria a ser chamado de Abe Shinzo. É a mesma lógica de nomes de outros líderes asiáticos, como Xi Jinping (presidente da China) e Kim Jong-il (líder norte-coreano), em que o sobrenome é dito e escrito antes.
Japão sob holofotes
Kono afirmou que seu ministério pretende considerar a mudança também em documentos oficiais, como passaportes. Agregou ainda que, com ascensão, em 1º de maio, do imperador Naruhito e a aproximação de elementos internacionais agendados no Japão — em junho, o país sediará a cúpula do G20 e, no ano que vem, a Olimpíada de Tóquio, tornam o momento adequado para pleitear a mudança na ordem dos nomes.
Análise feita pelo jornal britânico The Guardian aponta que a medida parece ser uma tentativa de o governo demonstrar mais confiança na cultura e na história do país, no momento em que ele estará sob os holofotes globais.
Kono também declarou que tem o apoio de outros órgãos do governo, já que o ministro da Educação, Masahiko Shibayama, também pediu que agências oficiais retomem a prática de colocar o sobrenome na frente do nome.
Já o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, foi mais cauteloso, dizendo a repórteres que “vários fatores precisam ser levados em conta (para essa mudança), inclusive as convenções“.
// BBC