O Reino Unido está indo às urnas nesta quinta-feira (12) para o que está sendo chamada de a eleição mais importante desta era.
Os britânicos estão diante de duas escolhas: apoiar o primeiro-ministro conservador Boris Johnson e seus planos de sair da União Europeia a qualquer custo, ou eleger uma esquerda que quer dar ao país a chance de voltar atrás e colocar um fim ao Brexit. Pesquisas de opinião apontam uma vantagem para o partido do premiê, mas não se sabe se ele vai conseguir a maioria necessária para continuar governando.
Esta é a quarta vez que o Reino Unido vai às urnas nos últimos quatro anos – três delas para eleger membros do Parlamento, além do referendo que decidiu pela saída do país da União Europeia.
Os britânicos, de maneira geral, estão exaustos com o assunto Brexit. Foi devido a um impasse no Parlamento diante da questão, mais de três anos depois do referendo, que Boris Johnson convocou estas eleições antecipadas, seis semanas atrás.
Por isso, muitos eleitores, apesar de um certo desânimo, veem a votação desta quinta-feira como a última chance de resolver o Brexit de uma vez por todas. Os que apoiam o Partido Conservador esperam obter a maioria parlamentar necessária para que o país saia de vez da União Europeia. Já os que gostariam de parar o Brexit e permanecer no bloco europeu esperam que a oposição consiga vencer para poder realizar um segundo referendo.
Estratégia trabalhista
Desde que a eleição foi convocada, as pesquisas de opinião vêm indicando que o partido de Boris Johnson deve ganhar. Os conservadores têm uma média de 43% das intenções de voto, enquanto os trabalhistas alcançam 33%.
A principal estratégia dos trabalhistas foi tentar fazer com que os conservadores não consigam a maioria ampla no Parlamento. O líder Jeremy Corbyn evitou falar de Brexit e preferiu se concentrar em chamar a atenção dos eleitores para outros grandes problemas do país, depois de nove anos de governo conservador. Por exemplo, a crise do sistema público de saúde e os níveis recordes de pobreza e desigualdade social.
Corbyn tentou manter a popularidade que tem com os jovens, mas não conseguiu o mesmo arranque que na campanha de 2017. Tanto ele como Boris Johnson sofrem grandes índices de rejeição.
Campanha conturbada
Como primeiro-ministro, Boris Johnson teve que lidar com enchentes e desabrigados no norte do país, em outubro, e com um ataque terrorista no centro de Londres, que deixou dois mortos, há quase duas semanas. Na semana passada, ele encarou a visita do presidente americano, Donald Trump, e a complicada cúpula da Otan. Em todos os casos, ele foi bastante criticado.
Na última segunda-feira (9), num dos momentos mais marcantes da campanha, Johnson se recusou a olhar a fotografia de um menino de quatro anos deitado no chão de um pronto-socorro enquanto aguardava um leito, uma prova da atual crise do sistema de saúde. O incidente repercutiu muito mal na imprensa e nas redes sociais, mas não o suficiente para abalar as intenções de voto nas últimas pesquisas.
Voto útil
Uma novidade nesta campanha foram os grupos de ativistas que tentaram promover o voto útil contra Boris Johnson e seu partido. Os defensores desta estratégia argumentam que os eleitores deveriam votar naquele candidato que tivesse mais chance de derrotar os conservadores na sua região.
Em alguns casos, trabalhistas teriam de votar em liberais-democratas e vice-versa. Mas nenhum dos dois partidos se mostrou muito interessado em juntar forças abertamente para tentar conter os conservadores. Coube a grupos de ativistas promover o voto útil nas redes sociais e nas ruas, inclusive com ferramentas mostrando em qual candidato votar.
O fato de as pesquisas mostrarem que os conservadores ainda podem ter dificuldade em conseguir uma maioria no Parlamento é um indício do resultado desse esforço. Mas isso só será possível saber mesmo na noite desta quinta-feira, quando começar a contagem dos votos e sair a pesquisa de boca de urna, que costuma acertar. A votação se encerra às 22h do horário local (19h em Brasília). O resultado definitivo deve ser conhecido nas primeiras horas de sexta-feira (13).
// RFI