O governo da Ucrânia e separatistas pró-Rússia do leste do país trocaram 200 prisioneiros de guerra neste domingo (29/12), na primeira ação deste tipo desde 2017, resultado da retomada das conversas entre os presidentes da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e da Rússia, Vladimir Putin.
Entre os envolvidos na troca, realizada em Horlivka, controlada pelos rebeldes, estão soldados, milicianos, mercenários, policiais e ativistas de alguns grupos. Alguns estavam presos desde o início do conflito, em 2014, em que mais de 13 mil pessoas morreram.
O jornal russo Novaya Gazeta veiculou neste domingo que entre os envolvidos na troca de hoje está o cidadão brasileiro Rafael Lusvarghi, de 31 anos, que em 2019 foi condenado a 13 anos de prisão na Ucrânia por se juntar aos separatistas.
“Me capturaram e torturaram para arrancar informação. Mas, não por muito tempo”, disse Alexandr Danilchenko, um dos 25 prisioneiros ucranianos libertados pela autoproclamada República Popular de Lugansk. Depois de dois anos de negociações infrutíferas, esse assunto foi desbloqueado durante a Cúpula de Paris, em que Zelenski e Putin se reuniram pela primeira vez, mais precisamente, no dia 9 de dezembro.
Com a presença do presidente da França, Emmanuel Macron, e da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, foi acordada a troca de todos os prisioneiros antes do fim desse ano.
Hoje, no entanto, a operação não libertou todos os presos dos dois lados, já que há inúmeros combatentes e ativistas em poder do governo da Ucrânia e também dos separatistas, sem contar os tártaros da Crimeia, detidos pela Rússia após a anexação da península.
De acordo com a presidência ucraniana, a troca de hoje fez com que Kiev recebesse 76 dos presos, sendo 51 de Donetsk e 25 de Lugansk. Em setembro, Zelenski já havia concordado com Putin pela liberação de 35 pessoas, inclusive, os 24 marinheiros detidos no Mar Negro pela Guarda Costeira da Rússia, além do cineasta Oleg Sentsov.
Hoje, os pró-russos receberam 124 pessoas, pois outras 34 pessoas incluídas na lista original se negaram a regressar ao território separatista. No local da troca, estavam representantes da Cruz Vermelha e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).