Em reunião da Assembleia Geral da ONU para discutir ações globais contra covid-19, António Guterres ressalta papel da Organização Mundial de Saúde e diz que ciência deve ser a base da reação mundial ao coronavírus.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou fortes críticas aos países que insistem em rejeitar os fatos referentes à pandemia de covid-19 e optam por ignorar os alertas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Desde o início, a OMS fornece informações factuais e orientações científicas que deveriam ter sido a base para uma reação global coordenada”, disse o secretário-geral.
“Infelizmente, muitas dessas recomendações não foram seguidas. Em algumas situações, houve uma rejeição dos fatos e os conselhos foram ignorados. Quando os países seguem seu próprio direcionamento, o vírus vai em todas as direções.”
Guterres evitou mencionar diretamente os líderes que pouco fizeram para deter o avanço da doença em seus países, mas deu um recado claro para as nações que, notoriamente, decidiram ignorar os alertas da OMS, como como os Estados Unidos e o Brasil.
O presidente dos EUA, Donald Trump, acusou a OMS de ser uma “marionete” dos interesses da China. Ele chegou a suspender as contribuições financeiras americanas e anunciou planos de retirar seu país da entidade até julho de 2021. Entretanto, o democrata Joe Biden, que derrotou Trump nas eleições presidências e evitou um segundo mandato do republicano, já afirmou que vai cancelar a medida.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro adotou um posicionamento semelhante ao do americano e minimizou a doença desde o surgimento dos primeiros casos no país. Ele chegou a se referir à covid-19 como uma “gripezinha” e ignorou os alertas das autoridades de saúde ao não usar máscara de proteção em eventos públicos e promover aglomerações.
EUA e Brasil no topo da lista dos mais atingidos
Mesmo após ambos serem infectados pelo coronavírus e passarem por períodos de isolamento e de tratamento, Trump e Bolsonaro insistem em ignorar os alertas da OMS, enquanto a doença continua avançando em seus países.
Até esta quinta-feira, os Estados Unidos acumulavam mais de 14 milhões de casos e 257 mil mortes associadas à covid-19. O Brasil superou 175 mil óbitos – atrás apenas dos EUA na contagem global – e já soma 6,4 milhões de infecções.
Em torno de uma centena de líderes internacionais enviaram pronunciamentos em vídeo para sessão extraordinária da ONU, entre estes, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron.
Angela Merkel defendeu o fortalecimento da OMS, que, segundo afirmou, “deve ser colocada em posição ainda melhor para reagir às ameaças à saúde internacional”. Ela observou que a pandemia é “um teste extraordinário para a humanidade”, mas disse que a plataforma global para a distribuição de vacinas – apoiada pela OMS – é uma “luz no fim do túnel”.
Ciberia // Deutsche Welle