Quem tem a palavra final? O laboratório alemão BioNTech, que, em parceria com a americana Pfizer, produziu a primeira vacina a ser aprovada contra a Covid-19, adverte para a queda na eficácia do produto caso a segunda dose não seja aplicada dentro do prazo sugerido. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) garante que algumas semanas de atraso não prejudicariam o efeito da imunização.
A questão é de grande interesse na Europa, onde os calendários de vacinação estão em atraso em vários países. A Dinamarca e o Reino Unido anunciaram que, diante dos estoques limitados da vacina da Pfizer/BioNTech, o tempo entre a primeira e a segunda dose será estendido. Enquanto isso, França e Alemanha são alvo de críticas pela demora para administrar a primeira injeção do imunizante, criando especulações sobre o descumprimento do prazo para a aplicação seguinte.
O laboratório BioNTech foi taxativo: não há dados sobre a eficácia máxima do produto em prazos diferentes dos 21 dias de intervalo recomendado entre as duas doses. “O efeito e a segurança do imunizante não foram avaliados em outros calendários de dosagem”, ressalta uma porta-voz da empresa.
“Mesmo que testes demonstrem que existe uma proteção parcial a partir de 12 dias depois da primeira injeção, não há informações que demonstrem que essa proteção continue além de 21 dias”, adverte. Por isso, “acreditamos que uma segunda aplicação é necessária para se chegar à proteção máxima contra a doença”, reitera.
Prazo de 21 a 28 dias para a segunda dose
A OMS tem uma recomendação diferente para o produto da Pfizer/BioNTech. O Grupo Estratégico Consultativo de Especialistas (Sage, sigla em inglês) da organização afirma que, “em circunstâncias excepcionais”, a segunda aplicação do imunizante pode ser atrasada em “algumas semanas”.
Em coletiva de imprensa, Alejandro Cravioto, o presidente do Sage, declarou que a OMS recomenda que “as duas doses da vacina sejam aplicadas dentro de um prazo de 21 a 28 dias”. Mas, no caso de um contexto epidemiológico, onde há “dificuldades de abastecimento”, é preciso “aumentar a quantidade de pessoas que podem se beneficiar de uma primeira injeção”.
Durante a coletiva de imprensa, Kate O’Brien, diretora do departamento de imunização e vacinas da OMS, ressaltou, no entanto, que o intervalo entre a primeira e a segunda vacina não deve ultrapassar seis semanas.
Outras recomendações da OMS
O grupo de especialistas também divulgou uma série de recomendações para a utilização do imunizante da Pfizer/BioNTech, especialmente a aplicação da vacina somente em casos em que reações alérgicas graves ao produto, como choques anafiláticos, possam ser rapidamente tratados.
Em razão da falta de dados sobre os eventuais riscos para grávidas ou mulheres que estão amamentando, o Sage prefere, por enquanto, não fazer recomendações. Já se uma mulher que está amamentando faz parte de um grupo de risco, a OMS aconselha a vacinação sem interrupção do aleitamento.
Por enquanto, a organização julga desnecessária a vacinação de viajantes internacionais, a menos que eles façam parte de um grupo de alto risco.
Além disso, diante da pouca probabilidade de uma reinfecção sintomática em um curto espaço de tempo, os especialistas recomendam que pessoas que testaram positivo à doença recentemente retardem a imunização em seis meses após o diagnóstico.
// RFI