O governo do Japão anunciou neste domingo (10/01) que detectou em seu território uma nova variante do coronavírus, em quatro viajantes que vieram do Brasil.
Os quatro passageiros estavam no Amazonas e desembarcaram no aeroporto internacional de Tóquio em 2 de janeiro. Segundo informou o Ministério da Saúde japonês, eles testaram positivo para o vírus após passar um tempo em quarentena no aeroporto.
Citado pela agência de notícias Kyodo News, o chefe do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão, Takaji Wakita, disse que a variante é diferente das que foram identificadas no Reino Unido e na África do Sul, que já estão se espalhando por outros países.
No entanto, o Ministério da Saúde do Brasil informou que, segundo as autoridades japonesas, a nova variante possui 12 mutações, sendo que uma delas é a mesma encontrada nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul, “o que implica em maior potencial de transmissão do vírus”.
“Não há, no entanto, nenhuma evidência científica que aponte impacto na efetividade do diagnóstico laboratorial ou das vacinas em estudo atualmente contra a covid-19”, disse o governo brasileiro em nota.
Entre os quatro passageiros, um homem na faixa de 40 anos foi hospitalizado com dificuldade para respirar. Uma mulher em torno dos 30 anos teve dores de cabeça e garganta, enquanto um adolescente desenvolveu febre. A quarta passageira, uma adolescente, não apresentou sintomas, disse o ministério japonês.
Segundo o portal G1, até este domingo o Amazonas não havia casos confirmados das novas variantes. O estado enfrenta atualmente uma onda gravíssima de infecções, com a capital, Manaus, vivendo um novo colapso em seu sistema de saúde.
Ao todo, o Amazonas soma quase 213 mil casos de covid-19 e mais de 5.600 mortes ligadas à doença. A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes no estado é atualmente de 136,8 – a terceira mais alta do país, ficando atrás somente do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.
Variante britânica no Japão
O Ministério da Saúde japonês também informou neste domingo que detectou mais três casos de infecção pela variante do Reino Unido em seu território.
No final de dezembro, o Japão suspendeu temporariamente a entrada de cidadãos estrangeiros até o fim de janeiro, após registrar casos de infectados com as novas cepas britânica e sul-africana.
Nesta semana, em meio ao agravamento da epidemia em algumas regiões do país, o primeiro-ministro Yoshihide Suga declarou estado de emergência de um mês de duração em Tóquio e nos municípios vizinhos de Chiba, Kanagawa e Saitama.
No mesmo dia em que o estado de emergência entrou em vigor, na sexta-feira, o Japão registrou um recorde de casos diários de covid-19, com 7.711 novas infecções detectadas em 24 horas, sendo 2.392 somente em Tóquio.
Vacina eficaz contra mutações?
Segundo o governo japonês, estudos serão realizados para confirmar se as vacinas já desenvolvidas contra a covid-19 são eficazes também contra a nova variante que infectou os viajantes do Brasil.
Um estudo preliminar divulgado nesta semana sugeriu que a vacina da Pfizer-Biontech pode proteger contra a mutação encontrada nas duas variantes altamente contagiosas surgidas no Reino Unido e na África do Sul.
O estudo foi realizado por pesquisadores da farmacêutica americana Pfizer em parceria com a Universidade do Texas. Entretanto, ainda não foi revisto por especialistas, uma etapa fundamental do processo científico.
A pesquisa indicou que a vacina funciona contra outras 15 possíveis mutações do vírus, mas a E484K, também presente na cepa descoberta na África do Sul, não foi testada ainda.
Primeira a ser autorizada para uso na União Europeia, a vacina da Pfizer-Biontech já foi também aprovada nos Estados Unidos, Reino Unido, Arábia Saudita e ao menos 19 outros países.
A vacina da farmacêutica americana Moderna, que já foi aprovada para uso nos EUA, na União Europeia e no Reino Unido, também está sendo submetida a testes semelhantes contra mutações, assim como as de outros laboratórios.
Os vírus passam por pequenas transformações enquanto se espalham de pessoa para pessoa. Os cientistas utilizam essas modificações para rastrear a forma como o coronavírus se espalhou pelo mundo, desde a sua descoberta na China, há cerca de um ano.
Ciberia // Deutsche Welle