Os astronautas de uma futura viagem a Marte estarão expostos, na ida e volta ao Planeta Vermelho, a cerca de 60% do total de radiação recomendada para toda a carreira profissional, revelou um novo estudo.
A Agência Espacial Europeia (ESA) chegou à conclusão, que apresentou no Congresso Europeu de Ciências Planetárias, que decorreu esta semana em Berlim, após analisar dados recolhidos por satélites da missão ExoMars, projeto em que também participa a agência espacial russa Roscosmos. A pesquisa foi publicada na quinta-feira (20).
No espaço, sem o forte campo magnético da Terra e sem atmosfera, o incessante bombardeio de raios cósmicos “tem o potencial de causar sérios danos aos humanos”, indicou a ESA, em comunicado.
A exposição, muito maior do que a dos astronautas que trabalham na Estação Espacial Internacional (EEI), eleva o risco de câncer, além de deixar sequelas no sistema nervoso central e provocar doenças degenerativas.
A radiação cósmica é composta por partículas incrivelmente minúsculas, que se movem de forma incrivelmente rápida, quase à velocidade da luz – um tipo de fenômeno que o corpo humano não é preparado para suportar.
Assim como nota o Space.com, essa radiação viaja por todo o Espaço, mas a atmosfera da Terra nos protege do pior dos impactos. Ou seja, quanto mais nos afastamos da superfície do planeta azul, mais radiação cósmica o nosso corpo absorverá.
“Um dos fatores básicos no planejamento de uma missão tripulada de longa duração a Marte é calcular os riscos derivados da radiação”, explicou Jordanka Semkova, da Academia de Ciências da Bulgária.
Os riscos estão calculados, mas os valores são preocupantes. A viagem por si só irá expor os astronautas a 60% da radiação recomendável durante toda a carreira, e o objetivo de visitar o Planeta Vermelho deve incluir um período, ainda que curto, na superfície – de preferência, sem superdosagem na radiação.
A radiação não é o único o problema que os astronautas podem vir a enfrentar em uma futura viagem. Os desafios se multiplicam desde a própria jornada, passando pela nave e chegando às propriedades do próprio planeta.
Recentemente, uma tempestade de areia cobriu Marte por completo, levando à suspensão da Opportunity, o rover da NASA que está “adormecido” há mais de três meses. O robô está em solo marciano desde 2004. Inicialmente, foi concebido para durar apenas três meses, mas continuou operante durante quase 15 anos.
Ciberia, Lusa // ZAP