Apaixonado por Orson Welles, um documentarista norte-americano se prepara para ir ao Brasil relançar a busca de um filme desaparecido do mestre de Hollywood, Orson Welles: a versão original de “The Magnificent Ambersons”, que os espectadores não veem há três quartos de século .
O diretor Joshua Grossberg anunciou que pretende partir por volta de setembro de 2021 ao Brasil, onde espera ficar um ou dois meses para encontrar vestígios desse filme. Paralelamente, será feito um documentário sobre essa pesquisa para o canal americano TCM.
“The Magnificent Ambersons“, rodado em 1942 logo após o ciônico “Citizen Kane”, tornou-se um clássico, mas em sua versão reeditada na época pela RKO, apontam os iniciadores do projeto. “As fotos originais que foram descartadas foram derretidas para recuperar o nitrato, durante a Segunda Guerra Mundial”, disseram eles.
Insatisfeito com o trabalho de edição e montagem de Orson Welles, a RKO dispensou este último, cortou 43 minutos de filme, e acrescentou, apesar da oposição do diretor, algumas tomadas e um final retrabalhado.
Mas uma cópia de trabalho poderia estar nas mãos de Orson Welles quando ele foi ao Brasil para rodar seu próximo filme “É Tudo Verdade”, espera Joshua Grossberg.
Essas são as imagens que ele quer encontrar e restaurar, para então projetar essa “versão do diretor” na tela grande. “Estou muito animado porque [a busca por este filme] é uma odisseia de 25 anos para mim”, disse o diretor, que planeja explorar pistas que identificou nos últimos anos.
“O melhor cenário seria um colecionador de filmes tê-lo em seu vasto acervo, ou mesmo na cinemateca brasileira, mas não ter identificado”, disse. “Talvez uma família o tenha herdado e nem saiba o valor do que possui.”
“Se o filme sobreviveu, ele foi armazenado em boas condições?”, o diretor se pergunta. “Há uma chance de que isso funcione. Até agora ninguém verificou as informações que eu tenho. Vale a pena tentar.”
Aos céticos, ele lembra que a versão longa de “Metropolis”, de Fritz Lang, lançada em 1927, só foi encontrada em 2008, em um museu argentino.
Para além desta busca, o documentário deve lançar luz sobre este lendário filme e a figura de Orson Welles, um dos mitos da Idade de Ouro de Hollywood, explica Grossberg, que espera distribuir também o seu filme na Europa.
Questionado, o especialista em restauração de filmes Serge Bromberg ressalta a natureza altamente incerta dessa busca.
“Eu também procurei essas bobinas, que supostamente estavam na França, mas não estavam lá”, comentou. Sublinhando que encontrá-los representaria “o Santo Graal” dos amantes da história do cinema.
// RFI