O órgão regulador das telecomunicações alemãs anunciou, neste fim de semana, a proibição da utilização de smartwatches a todas as crianças. Aos pais, a Bundesnetzagentur pediu que destruíssem os equipamentos.
A decisão foi tomada pelo órgão regulador das telecomunicações, a Bundesnetzagentur, que afirma que os relógios inteligentes violam as leis de vigilância da Constituição. A agência os descreve como autênticos “equipamentos de escuta”, sendo a geolocalização e a captura de som as características que mais preocupam o governo alemão.
No mês de outubro, a Organização Europeia do Consumidor (OEC) se expressou sobre o tema. Na opinião da OEC, os relógios inteligentes, criados para serem utilizados por crianças, ameaçam a privacidade dos utilizadores e do ambiente que os cerca.
Mas, a principal preocupação da OEC é o perigo de estes dispositivos poderem ser pirateados. Os hackers teriam acesso à localização das crianças e poderiam até manipular remotamente a localização das crianças que os utilizam.
“De acordo com nossas investigações, os pais usavam os relógios para ouvir os professores durante a aula”, referiu o presidente da Bundesnetzagentur, Jochen Homann, em comunicado. Na Alemanha, é ilegal registrar conversas privadas sem permissão e os smartwatches capazes de fazer chamadas telefônicas já eram proibidos no país.
Segundo a Mashabel, o órgão regulador não só apela à destruição dos dispositivos como também pede aos cidadãos que documentem essa destruição com provas online. Assim que os smartwatches são destruídos, a Bundesnetzagentur fornece um “certificado de destruição” que confirma a ação.
A Noruega já tinha detectado o perigo do envio de algumas informações privadas por parte destes dispositivos eletrônicos. No relatório do Conselho Norueguês para o Consumidor, apenas uma marca de smartwatches – a Tinitell – conseguiu passar nos testes. As restantes revelaram falhas perigosas de segurança.
Esta não é a primeira vez que as autoridades alemãs pedem aos cidadãos que destruam um dispositivo que adquiriram. Em fevereiro, a boneca “My Friend Cayla” foi proibida na Alemanha.
O dispositivo de ligação bluetooth da boneca podia ser pirateado, permitindo que hackers interceptassem as conversas das crianças, tal como poderia acontecer com o relógio inteligente.
A Organização Europeia do Consumidor acata a decisão de proibir a venda do brinquedo, mas lamenta que os consumidores não sejam compensados e já anunciou que vai lutar para que recebem a indenização devida.
Ciberia // ZAP