Chama-se Tiger Time e é um aplicativo que visa “bloquear” distrações das redes sociais em momentos de estudo ou trabalho. Desenvolvido por um jovem português, o app pretende fazer crescer o conceito de traduzir minutos de atenção em descontos.
Johny Cartucho, de mãe canadense e pai português, tirou proveito da sua fluência em inglês e seguiu até a Universidade britânica de Loughborough, para o curso de engenharia eletrônica, que o obrigou ao estudo da linguagem de programação C++. “Era uma experiência muito frustrante porque era um tópico muito denso e muito complicado”, relata.
Foram vários os aplicativos que falharam para o jovem conseguir “pelo menos 30 minutos sem ficar distraído”. Agora, com 23 anos, Cartucho começou a imaginar o Tiger Time, que deverá chegar ao mercado em duas semanas.
“Assim do nada”, o jovem ganhou uma competição na universidade e o passaporte para a 1ª edição de Cascais da European Innovation Academy, em agosto de 2017, “onde mudou tudo”.
No evento sobre inovação, que durou três semanas, ele reuniu uma equipe internacional para desenvolver sua ideia de criar a “melhor interface do mercado” para a “ferramenta mais famosa no mundo da produtividade: a ‘pomodoro tecnique’” e garantir foco “interna e externamente”.
Daí até a promotora de startups Beta-i, em Lisboa, e a um financiamento de 10 mil euros foram passos rápidos. Foi no escritório da Beta-i que o empreendedor explicou o roadmap do produto, que, na fase inicial, passou apenas pela aplicação de técnicas de recompensa de videogames, como pontos de experiência, mas que pode vir a ser descontos.
Entre os vários objetivos de Cartucho, está o estabelecimento de parcerias com marcas, possibilitando que minutos de concentração possam ser traduzidos em descontos. “Vamos começar muito pequenos e focados no utilizador individual e ver se conseguimos trazer valor, para depois falarmos com empresas e oferecer valor de maneira mais direta”, explica.
Em pequeno ou grande, o princípio do aplicativo é “detectar se sua tela foi trocada”, por exemplo, por uma rede social.
“O sistema diz: já não está ganhando ranking, experiência ou descontos”, como se tratasse de um jogo. Cabe ao utilizador definir o tempo para se focar e seguir depois os períodos definidos para atividade intensa e intervalo.
O jovem empreendedor revela ainda que a publicitação do método será feita dentro de “núcleos de estudantes”, online e offline, já que haverá contatos em bibliotecas e em grupos do Facebook.
Esses projetos contam com a ajuda do programador irlandês Adam O’Neill, que resolveu não abandonar a equipe do Tiger Time e trocar Dublin por Lisboa.
Depois da European Innovation Academy e da entrada na Beta-i, o jovem pensou em prós e contras e chega a uma conclusão: “Mesmo que corra mal, eu terei ganho uma enorme experiência e conhecimento, especialmente para alguém da minha idade. Tendo ambos 23 anos, somos novos para montar o próprio negócio e pensamos: vale a pena o risco”.
Hoje, o jovem garante trabalhar de “forma mais eficaz” e consultar menos o Facebook, em um depoimento sobre a importância de ganhar consciência de vícios que nem sempre são reconhecidos como tal.
“Não reconhecemos que somos viciados no Facebook ou no Instagram. Mas quando nos sentamos e tentamos concentrar durante duas horas, percebemos que é quase impossível desenvolver apenas uma tarefa”, conclui.
Ciberia // ZAP