Um guarda-sol feito de balões ou jatos podia ser uma espécie de escudo contra os efeitos do aquecimento global. Mas que consequências traria essa técnica? “É claro que a geoengenharia solar pode ser perigosa, mas precisamos saber se seria mais ou menos perigoso que o aumento de 1,5º C”, refere um cientista.
As ações humanas podem ter consequências para o ambiente e criar um efeito de esfriamento. Essa consciência levou um grupo de cientistas da Universidade de Harvard a propor uma experiência que chamaram de “efeito de perturbação estratosférica controlada” ou SCoPEx.
A experiência consiste em usar um balão de testes que liberaria aerossóis a uma altura de cerca de 20 quilômetros na atmosfera terrestre, com o objetivo de alterar as propriedades reflexivas das nuvens, explica o Diário de Notícias.
No entanto, é esta manipulação atmosférica, ou seja, a geoengenharia solar, que torna o processo controverso. Embora o interesse neste campo da ciência seja cada vez maior, os efeitos e consequências são pouco conhecidos.
Ainda assim, refere o The Guardian, os países em desenvolvimento reclamam para si o direito de terem uma palavra mais forte na hora de decidir o que fazem em relação ao aquecimento global, visto que são os mais lesados pelo aumento das temperaturas.
Dessa forma, um grupo de cientistas de Bangladesh, Brasil, China, Etiópia, Índia, Jamaica e Tailândia se uniram para defender, em um artigo publicado este mês na Nature, que deviam ser os países em desenvolvimento a chefiar as pesquisas na área.
O efeito de esfriamento da atmosfera é conhecido como “trilhos de condensação de navios”, isto é, os rastros de poluição criados pelos navios em alto-mar contêm mais gotas d’água que as nuvens naturais, fazendo das nuvens mais brilhantes e mais reflexivas à luz do sol.
“A geoengenharia solar – injetar partículas de aerossóis na estratosfera para afastar parte da luz do Sol que entra na atmosfera – tem sido analisada como uma forma rápida de esfriar o planeta”, escreveram os cientistas na Nature.
Mas há um porém. E tem a ver com o impacto que a técnica pode causar. O diretor do centro de estudos avançados de Bangladesh, Atiq Rahman, disse à Reuters que a técnica tem efeitos desconhecidos e que podem ser perigosos.
“É claro que a geoengenharia solar pode ser perigosa, mas precisamos saber se para países como o Bangladesh, seria mais perigoso ou menos do que o aumento de 1,5ºC pelo aquecimento global previsto”, cita o DN.
“Isso é muito importante para as populações dos países em desenvolvimento e as nossas vozes precisam de ser ouvidas“, conclui Rahman.
Ciberia // ZAP