Segundo um especialista, os diplomatas norte-americanos que se dizem vítimas dos chamados “ataques sônicos” experimentam apenas uma forma contagiosa de delírio coletivo.
Em 2016, diplomatas norte-americanos em Cuba foram alvo de um misterioso “ataque sônico”, realizado por uma tecnologia nunca vista antes de sons armados. O ataque em Cuba e, mais recentemente, na China, acionaram o alerta da chegada dessa arma perigosa e invisível.
No entanto, talvez nunca tenha acontecido nada.
De acordo com um especialista em doenças psicogênicas coletivas, os sintomas dos diplomatas poderiam ser o resultado de uma ilusão contagiosa coletiva, e não as marcas de uma arma sonora invisível para a qual não existem provas concretas.
“Estou convencido de que lidamos com um caso de histeria coletiva”, disse o sociólogo Robert Bartholomew à ABC News.
A condição é descrita pelo especialista como um fenômeno médico e social que causa ilusões e sintomas em determinado grupo de pessoas. O fenômeno tem sido observado não só nos últimos tempos, como ao longo da história.
Apesar de um relatório divulgado por cientistas da Universidade da Pensilvânia ter concluído que as vítimas de Cuba sofreram “danos nas redes cerebrais”, Bartholomew diz que a histeria coletiva é exatamente o fenômeno que estamos presenciando.
“Armas sônicas não podem causar concussões – é fisicamente impossível”, argumenta Bartholomew, contrariando o resultado do relatório.
Na verdade, o estudo não foi conclusivo no que toca à forma como o trauma aconteceu, sugerindo que os sintomas e manifestações podem representar “uma nova entidade clínica”, destacando que ainda não está claro de que forma o ruído está relacionado com o que os diplomatas americanos relataram.
No entanto, Bartholomew desvaloriza os resultados do estudo, defendendo a tendência estereotipada das pessoas de alcançar diagnósticos médicos improváveis face a explicações mais plausíveis. “As pessoas escolhem uma hipótese mais exótica e cientificamente impossível”, destaca.
Seja qual for a causa dos sintomas misteriosos – se um som armado ou delírios desenfreados –, o certo é que não estão desaparecendo.
Caso venha a ser comprovado que se trata mesmo de um fenômeno de histeria coletiva, é provável que nunca venha a ser anunciado pelo governo. “Uma vez que é afirmada a existência de um ataque, não há volta”, explica Mitchell Joseph Valdés-Sosa, diretor do Centro de Neurociência cubano.
“O governo estaria disposto a admitir que cometeu um erro?“, questiona.
Ciberia // ZAP