Os antepassados das grandes baleias atuais tinham dentes, caçavam e perseguiam presas, indica a análise de um fóssil de baleia com 36,4 milhões de anos encontrado no sul do Peru.
Em um estudo publicado esta quinta-feira (11) na revista Current Biology não é explicado em que momento as baleias perderam os dentes e evoluíram para os animais que são hoje, com cerdas que servem para filtrar a água e recolher alimentos.
No entanto, o artigo revela que houve um passado com baleias que tinham membros traseiros, que se alimentavam por sucção e que mergulhavam para caçar as presas.
O fóssil, descoberto na Bacia de Pisco, no sul do Peru, pertence ao mais antigo membro conhecido do grupo dos cetáceos misticetos, uma subordem que inclui a Baleia Azul, a Baleia de Bossa ou a Baleia Franca.
Com cerca de quatro metros, este animal do período Eoceno tardio (entre 55 e 36 milhões de anos atrás) era menor do que seus familiares atuais, mas muito diferente a nível do crânio. Atualmente, as baleias não têm dentes, mas sim fibras de queratina, conhecidas como “barbas”, que servem para prender pequenos animais marinhos, dos quais se alimentam.
“A descoberta do nosso colega peruano Mario Urbina preenche uma grande lacuna na história do grupo e fornece pistas sobre a ecologia dos primeiros misticetos”, disse o paleontólogo e coautor do estudo Olivier Lambert, do Instituto Real Belga de Ciências Naturais.
De acordo com o responsável, citado na revista, os estudos do fóssil sugerem que além dos dentes a baleia também teria se especializado em alimentação por sucção, porque os dentes exibem um padrão de desgaste diferente do encontrado em baleias ainda mais antigas.
Os membros dessas espécies, classificadas como Basilosauridae, eram provavelmente caçadores ativos, similares às orcas, com bocas adequadas para morder e atacar. O fóssil da baleia descoberto no Peru tinha uma boca mais adequada para sugar alimentos, levando os pesquisadores a concluir que representa um passo intermediário entre as baleias predadoras e as atuais.
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