Bebês pássaros conseguem se comunicar de dentro dos ovos

O estudo fez experimentos com ovos de Larus michahellis, as gaivotas-de-patas-amarelas. Eles exibiam gravações de pios de alerta para os ovos, que sinalizavam a presença de predadores na região.

Quando os ovos eram expostos a esses sons, eles repetiam a informação para os outros ovos do ninho, e saiam dos ovos com um comportamento muito mais cauteloso do que os filhotes que não ouviram os sons de alerta.

“Esses resultados sugerem fortemente que os embriões de gaivotas são capazes de adquirir informação ambiental relevante através de seus irmãos”, dizem os pesquisadores no artigo científico que detalha o trabalho.

A equipe coletou ovos de gaivotas selvagens de uma colônia de procriação na ilha de Sálvora (Espanha). Neste local há níveis flutuantes de ataques de predadores, especialmente de pequenos carnívoros como o minque, mamífero semelhante à doninha da América do Norte.

Esses ovos foram divididos em grupos de três e colocados em incubadoras. Eles foram classificados em dois grupos: amarelo, que foi exposto aos sons de alerta, e azul, que é o grupo controle.

Noguera & Velando, Nature Ecology & Evolution, 2019

Desses trios de ovos, dois eram removidos quatro vezes por dia (cor escura no diagrama) e colocados em uma caixa à prova de som onde eram expostos aos sons de alerta de predadores. Depois, eram colocados de novo em suas incubadoras originais para ficarem pertinho do ovo que ficou para trás.

Já os ovos dos grupos azuis eram retirados da mesma forma da incubadora, colocados na caixa mas não eram expostos a nenhum som. Depois eles também eram devolvidos.

Os pesquisadores perceberam que os ovos que receberam a mensagem sonora tendiam a vibrar mais na incubadora do que os ovos que ficaram em silêncio na caixa.

O resultado foi que os ovos amarelos demoraram mais para rachar, mesmo os ovos que não foram expostos ao som de alerta. Eles faziam menos barulho ao nascer do que os filhotes do grupo azul. Eles também ficavam mais agachados que os outros, como se estivessem se escondendo.

Os filhotes que receberam a informação de perigo também exibiam maiores níveis de hormônio de estresse e menos cópias de DNA mitocondrial por célula.

Essas alterações físicas indicam que apesar de conseguirem se comportar de forma que melhora suas chances de sobreviver a um ataque, as células desses filhotes têm menor capacidade de produzir energia e crescer.

Ou seja, eles têm mais chance de não serem mortos nos primeiros momentos de vida, mas ficam têm crescimento prejudicado mais tarde.

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …