Um jovem de 20 anos começou a desenvolver dentro seu quarto um computador capaz de ler as mentes de pessoas que estão em coma.
Morador de Aquidauana, interior do Mato Grosso do Sul, Luiz Fernando da Silva Borges criou um computador que lê as reações do cérebro do paciente ao ouvir perguntas, batizado de Hermes Braindeck.
Ao site da Exame, Borges contou que buscou inspiração em uma pesquisa do neurocientista britânico Adrian Owen, publicada na revista Science, em 2006. No estudo, Owen mostrou que é possível se comunicar com pessoas em coma usando um aparelho de ressonância magnética.
O que Borges fez foi tornar o conceito portátil. É colocada uma toca na cabeça do paciente com vários fios conectados a sensores e um fone de ouvido para receber instruções. Então, pede-se ao paciente para imaginar o movimento da mão direita e o da esquerda.
Cada pensamento ativa um dos lados do cérebro, traduzindo esses padrões em respostas positivas (sim) ou negativas (não). Isso permite ao paciente responder perguntas dos médicos e dos familiares.
“Nos hospitais, não existe ferramenta para medir a resposta da pessoa em coma sem ser a ressonância magnética, que não tem como ser usada no dia a dia”, afirma Borges.
O sistema teve 80% de precisão em reconhecer os dois padrões de resposta em testes realizados em um grupo de 50 pessoas, todas saudáveis. Até o final do ano, ele pretende testar o aparelho em pacientes da Santa Casa de Campo Grande com a ajuda de profissionais da Universidade Católica Dom Bosco.
O Hermes Braindeck ganhou o prêmio Intel International Science and Engineering Far, promovido pela multinacional de tecnologia, na categoria engenharia biomédica em dois anos seguidos: 2016 e 2017. A premiação destaca projetos em ciência e engenharia.
Para desenvolver o dispositivo, Borges recebeu patrocínio de Ricardo Nantes, fundador do Portal Educação, presidente da startup Empodera e investidor-anjo.
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