A polícia reforçou suas equipes nos arredores do estádio. Já os responsáveis pela segurança dentro do Stade France passarão dos 1.200 habituais para 1.400 homens.
Há temores de que torcedores turcos e militantes pró-curdos se enfrentem nas ruas, em reação à ofensiva de Ancara visando a minoria curda no norte da Síria. A ação militar que começou na semana passada já fez mais de 150 mortos e obrigou 130 mil pessoas a deixarem suas casas.
As autoridades francesas temem confrontos nas redondezas do estádio, mas também no gramado, caso os jogadores reproduzam algum tipo de saudação militar, como fizeram após a vitória contra a Albânia na sexta-feira (11).
“Se os jogadores fizerem gestos militares, devem ser tratados como militares de um exército inimigo. Não devemos jogar futebol contra eles”, disse o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon.
A chefe da extrema direita, Marine Le Pen, também pede que o jogo seja anulado. “Ao divulgar a propaganda de Recep Tayyip Erdogan, cujas ações preocupam a comunidade internacional, o time de futebol turco pisoteou os valores do esporte. Já está na hora de a UEFA sancionar a federação turca de futebol”, declarou.
A UEFA informou no fim de semana que pretende examinar o episódio de saudação militar dos jogadores turcos na partida contra a Albânia. A entidade lembrou que seu regulamento proíbe qualquer tipo de referência política ou religiosa durante os jogos.
“O que acontece na Síria é uma coisa e o jogo é outra. Pode ser que haja provocações, mas tentaremos evitá-las”, declarou o embaixador turco na França, Ismail Hakki Musa. “Não quero que esse debate chame mais atenção que o jogo”, disse o técnico da seleção turca, Senol Günes. “Espero que todos respeitarão o espírito de fraternidade.”
No final da manhã, poucas horas antes do jogo, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, anunciou que não estará na tribuna dos representantes políticos, mesmo se sua presença estava prevista. Até o meio da tarde, a ministra do Esporte da França, Roxana Maracineanu, ainda não havia confirmado se assistiria a partida.
A ausência do chefe da diplomacia é vista como mais um sinal da oposição de Paris à atitude de Ancara, que desde a semana passada ataca os curdos no norte da Síria. A França, que denuncia uma “ofensiva unilateral”, havia informado no fim de semana que iria suspender suas vendas de armas para os turcos, seguindo os passos da Alemanha.
Nesta segunda-feira, a União Europeia (UE) também condenou oficialmente a operação militar turca no norte da Síria.
// RFI BR