Um trio de satélites que estudam o campo magnético do nosso planeta mostrou detalhes da constante ondulação de um segundo campo magnético produzido pelas marés do oceano.
Embora os cientistas já saibam muitos detalhes sobre o campo magnético do planeta Terra, a verdade é que estamos longe de saber tudo.
A missão Swarm, da Agência Espacial Europeia (ESA), recolheu durante quatro anos dados que contribuíram para o mapeamento desse segundo campo magnético, que poderia ajudar os cientistas a construir modelos melhores em torno do aquecimento global.
Nils Olsen, físico da Universidade Técnica da Dinamarca, apresentou os resultados na reunião da União Europeia de Geociências, em Viena, e explicou a forma como os cientistas conseguiram detalhar uma presença magnética tão fraca.
Trata-se de um “campo magnético pequeno, 20 mil vezes mais fraco do que o campo magnético global da Terra”, explicou Olsen à BBC.
Ambos os campos magnéticos são o resultado de um efeito gerador, produzido por partículas carregadas e derramadas em um fluido. O campo magnético mais forte, que “puxa” a agulha da bússola, se forma a partir do movimento constante da rocha fundida sob nossos pés.
Esse campo deixa também sua marca no alinhamento de partículas embutidas na crosta terrestre, um aspecto que também foi analisado em detalhes pelo Swarm.
A ESA divulgou também um mapa mais detalhado da impressão magnética apresentada na reunião. Contudo, foram detalhes de outro gerador que surpreenderam a audiência: os íons dissolvidos na água dos oceanos também produzem um campo magnético fraco, à medida que se movimentam em correntes e marés.
Os padrões tênues criados por movimentos – como a Corrente do Golfo – são difíceis de separar do fundo do campo magnético mais forte. No entanto, o fluxo e refluxo das marés, à medida que são puxados pela Lua em órbita, produzem um impulso, que faz com que esses fracos sinais sejam destacados.
Lançado em 2013, o Swarm consiste em três satélites idênticos, atualmente em órbita, encarregados de recolher dados sobre as propriedades magnéticas do nosso planeta.
“Usamos o Swarm para medir os sinais magnéticos das marés da superfície do oceano até o fundo do mar, o que nos dá uma imagem verdadeiramente global de como o oceano flui em todas as profundidades“, explica Olsen.
Visto que a água é capaz de manter uma quantidade significativa de calor, prever a capacidade do nosso planeta absorver o excesso de calor preso por quantidades crescentes de gases de efeito estufa, depende de saber precisamente como as marés e as correntes se movem em três dimensões.
Saber, por exemplo, onde toda a água morna está afundando, poderia explicar ciclos de aceleração do aquecimento global.
Seria explicado como esse sinal magnético da maré induz uma fraca resposta magnética nas profundezas do mar e, por sua vez, esse resultado serviria para aprendermos mais sobre as propriedades da litosfera e do manto superior da Terra.
No momento, o magma em movimento é estudado através de uma mistura de medidas de gravidade e sismologia. Encontrar padrões no “empurrar e puxar” dos dois campos magnéticos pode permitir mapear essas correntes de minerais fundidos.
Ciberia // ZAP