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Cientistas britânicos da Universidade de Bath estão dando novos passos em direção à produção de carne artificial, com o cultivo em laboratório de células animais.
Se o processo puder ser reproduzido em escala industrial, é possível que amantes de carne venham a ter à sua disposição um suprimento infinito de bacon, mas sem a necessidade de obtê-lo com o abate de animais.
A engenheira química Marianne Ellis, líder do projeto na Universidade de Bath, acredita que a carne artificial possa ser, mais adiante, “uma fonte alternativa de proteína para alimentar o mundo”. Em seu laboratório, ela cultiva células de porco que podem, algum dia, levar à produção de bacon.
No futuro, a expectativa é de que, a partir da biópsia de um porco, seja possível isolar suas células-tronco, criar mais células a partir destas e colocá-las em um biorreator que as expanda. Assim, é possível obter um generoso suprimento de bacon — e o porco continua vivo.
No entanto, ainda serão necessários anos de pesquisa para replicar o sabor e a textura idênticos ao bacon original.
Experimento com grama
Proteínas animais reproduzidas em laboratório ainda não estão no mercado, mas são amplamente estudadas pela ciência. Em 2013, uma equipe holandesa criou o primeiro hambúrguer de laboratório, enquanto cientistas em Israel produziram um bife com células criadas em laboratório em 2018.
De volta a Bath, para criar a estrutura da carne artificial, a equipe de Ellis está conduzindo seus experimentos com algo natural: grama. Os pesquisadores cultivam células de roedores sobre “andaimes” de grama.
(dr) BBC

“A ideia é, basicamente, dar ‘grama para nossas células comerem‘, em vez de dar grama para uma vaca e daí comer a vaca”, explica Scott Allan, estudante de pós-graduação em engenharia química e participante do projeto.
Para o resultado final disso não ser puramente um tecido de músculo, os cientistas buscam formas de acrescentar células de gordura e outras células conectoras que ajudem a dar mais gosto e textura à proteína. Outro desafio futuro é produzir carne do tipo em larga escala para fins comerciais.
“Estamos tentando projetar biorreatores, e o processo biológico em torno desses reatores, para cultivar células de músculo em larga escala, de um modo que seja econômico, seguro e de alta qualidade”, diz Ellis. “Assim conseguiríamos fornecer as células de músculo como carne de laboratório para todas as pessoas que queiram consumi-la”.
Não mata, não polui e gasta menos água
A expectativa de pesquisadores é de que a carne in vitro atraia pessoas preocupadas com o abatimento de animais e com os impactos ambientais causados pela pecuária de larga escala.
Richard Parr, diretor-gerente na Europa do Instituto Good Food, acredita que a carne artificial também tem a potencial vantagem de usar muito menos água e espaço do que a pecuária atual, além de produzir menos dióxido de carbono, poupar bilhões de animais de sofrimento e ajudar a combater problemas de contaminação alimentar.
// BBC