Os catadores de lixo estão em todos os cantos de todas as cidades do Brasil. Seja em bairros nobres, humildes, comerciais, nas grandes capitais ou no interior, os trabalhadores arrastam seu carrinho com uma série de produtos deixados para trás pela sociedade e, com criatividade e esforço coletivo, dão a eles novas funções.
De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, há 800 mil profissionais do tipo em atividade no país e aproximadamente 85 mil associados ao Movimento Nacional.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que os catadores são os responsáveis por cerca de 90% do lixo reciclado no Brasil. Só em São Paulo, 20 mil toneladas de lixo são produzidas diariamente.
Catar lixo não é primeira opção de ninguém. A maioria utiliza a função como via de escape para vencer o desemprego, que atinge mais de 12 milhões de pessoas em todo o país atualmente.
Um deles é Euclides Filomeno, que já tem idade superior ao que o brasileiro médio tem como expectativa de vida, 76 anos, e segue dando duro todos os dias. “Eu chego aqui 7h30, pego a carroça e vou até as 17h”, disse ele ao site Observatório do Terceiro Setor. Euclides sai do Jardim São Luiz, na zona sul, para pegar seu material de trabalho em Pinheiros, na zona oeste.
Pimp My Carroça
O Pimp My Carroça, movimento que promove a visibilidade dos catadores, realiza ações criativas com o uso do grafite para melhorar a autoestima desses trabalhadores. Só em 2016, o projeto esteve em Cuiabá, São Paulo, Bragança Paulista, Brasília e Manaus.
Nos eventos, carroças, bicicletas, charretes e outros meios que os catadores usam para realizar o trabalho são restaurados e personalizados. “A arte faz com que o catador fique menos invisível na sociedade e causa conscientização nas pessoas”, comentou Aline Silva, de 27 anos, que auxilia na administração do projeto.
“Alguns (catadores) chegam aqui e falam ‘futuramente quero ter meu próprio ferro velho’. Tem catador que possui uma equipe com duas, três carroças. É uma visão empreendedora”, garante ela.
O projeto brasileiro inspirou a criação de ideias semelhantes pelo mundo. 12 países já desenvolveram iniciativas inspiradas no Pimp My Carroça, o que é resultado de uma disseminação, segundo Aline, feita por meio do “boca a boca”.
“Um dos eventos, que aconteceu no Afeganistão, foi por conta de outro representante do Pimp My Carroça da Colômbia. O artista do Afeganistão gostou da ideia e realizou o evento”, afirmou ela.
O próximo passo é modernizar o processo de comunicação. O aplicativo Cataki, disponível para iOS e Android, foi desenvolvido para servir como meio de contato entre o catador e o gerador de resíduos. A ferramenta permite encontrar o profissional mais próximo para fazer o descarte do material.
Como se não bastasse, o Pimp My Carroça também criou uma loja online com quadros, réplicas de carroças e adesivos, tudo para celebrar os cinco anos do projeto e arrecadar fundos para ideias que vão garantir um futuro mais sustentável e, quem sabe, de maior valorização desse setor.
Ciberia // Hypeness