Uma empresa escocesa desenvolveu um granulado feito a partir de plástico reciclado, que depois é utilizado no processo de asfaltamento. As “estradas de plástico” já são uma realidade no Reino Unido, Canadá e na Austrália.
As estradas de plástico são uma das formas de aproveitar os resíduos plásticos que diariamente desperdiçamos. Esses resíduos, associados a graves problemas de poluição nos oceanos, podem agora ser utilizados para fazer estradas a partir de milhões de garrafas ou sacos de plástico.
O engenheiro escocês Toby McCartney e seus dois sócios andaram durante muito tempo testando a ideia: em uma panela, derreteram vários plásticos, como garrafas, fraldas e sacos de compras. McCartney procurava a receita perfeita para as estradas ecológicas, segundo a CNN.
“Fizemos entre cinco e seis centenas de designs diferentes de polímeros – substância criada através da junção de várias unidades similares – até encontrarmos um que realmente funcionasse”, contou o escocês.
A receita final de plásticos misturados é depois adicionada ao asfalto comum, criando uma estrada mais forte e duradoura. “Queremos resolver dois problemas mundiais. Por um lado, a chamada epidemia do lixo e, por outro lado, a má qualidade das estradas”, explicou.
Os resíduos plásticos são transformados peletizados, ou seja, são transformados em pequenos grânulos e substituem 20% do óleo pegajoso utilizado para selar as estradas tradicionais. Cada tonelada de asfalto contém, aproximadamente, 20 mil garrafas plásticas ou 70 mil sacos de compras descartáveis. Segundo o engenheiro, seu aditivo plástico é mais econômico e funciona como uma “cola” mais forte.
McCartney afirma que suas estradas de plástico são 60% mais fortes do que as estradas tradicionais, e os testes conduzidos em laboratório projetam que as rodovias podem durar até três vezes mais. No entanto, só o tempo poderá dizer como as estradas de plástico resistem ao desgaste.
Atualmente, os negócios de McCartney, a MacRebur Plastic Roads Company, forneceram grânulos de plástico para estradas no Reino Unido, Canadá e Austrália.
Inspiração veio da Índia
McCartney encontrou, pela primeira vez, plásticos nas estrada quando realizou uma viagem ao sul da Índia. De acordo com o escocês, os resíduos eram colocados nos buracos das estradas e depois incendiados, de forma a fundir os plásticos nas crateras, resolvendo assim o problema dos buracos.
Na verdade, a Índia usa o plástico na construção de estradas desde o início do século, seguindo um processo desenvolvido por Rajagopalan Vasudevan, professor de química na Universidade de Engenharia de Thiagarajar, na cidade de Madurai.
O processo de Vasudevan consiste em espalhar fragmentos de plástico picado sobre pedras quentes, formando um revestimento fino, uma espécie de primer. Só depois é adicionado ao betume, fazendo uma forte ligação.
Até o momento, o método foi aplicado em cerca de 100 mil quilômetros de estrada na Índia. Em novembro de 2015, o Ministério dos Transportes Rodoviários tornou obrigatória a construção de estradas a partir de resíduos plásticos na maioria das áreas urbanas. No entanto, alguns estados ainda não começaram a seguir as diretrizes.
“Caso as regras sejam seguidas, as estradas de plástico permitirão que uma cidade, estado ou mesmo todo o país se transforme em um espaço com zero resíduos, mas ainda está longe de acontecer”, disse fonte governamental da Índia.
Tanto Patel quanto McCartney acreditam que os plásticos colocados nas estradas não voltarão a entrar nos rios e oceanos através das chuvas. “Se o plástico estiver completamente espremido entre a pedra e o betume, não há risco para o ambiente“, concluiu.
Ciberia // ZAP