O governo chinês afirmou nesta quinta-feira (20) que tomará “todas as medidas necessárias” para proteger os interesses legítimos de suas empresas.
A afirmação foi feira pelo Ministério do Comércio do país, em resposta à ação dos EUA que, nesta semana, aumentou as restrições a Huawei no mercado de chips.
Na última segunda-feira (17), o governo de Donald Trump apertou ainda mais as medidas restritivas, anunciadas em maio, e que visa impedir a Huawei de obter semicondutores sem uma licença especial. Além disso, o Departamento Comércio norte-americano acrescentou 38 afiliadas da Huawei em 21 países à lista suja econômica do governo dos EUA, em respostas as supostas tentativas da Huawei de obter os chips disponíveis comercialmente. Com isso, já são 152 afiliadas desde que a gigante chinesa foi adicionada pela primeira vez em maio de 2019.
“O lado americano deve corrigir imediatamente seus comportamentos errados”, disse o ministério em um comunicado divulgado em seu site, sem dar detalhes sobre como poderia retaliar.
Entenda as últimas medidas restritivas
As ações do Departamento de Comércio do norte-americano ampliarão as restrições anunciadas em maio deste ano, com o objetivo de impedir que a fabricante chinesa obtenha semicondutores sem uma licença especial – e isso inclui chips feitos por empresas estrangeiras, mas que foram desenvolvidos ou produzidos com software ou qualquer outra tecnologia criada nos EUA.
Em entrevista ao canal Fox Business, o secretário de Comércio, Wilbur Ross, afirmou que as restrições aos chips projetados pela Huawei impostas em maio levou a empresa chinesa a tomar algumas medidas evasivas.
“Eles estavam [conseguindo acesso aos chips] se passando por terceiros”, disse Ross. “A nova regra deixa claro que qualquer uso de software americano ou equipamento de fabricação americano é proibido e requer uma licença.”
Por sua vez, o secretário de Estado Mike Pompeo declarou que a mudança na regra “impedirá a Huawei de burlar a lei dos EUA por meio da produção de chips alternativos e do fornecimento de chips prontos para uso”. Ele acrescentou em um comunicado que “a Huawei tem tentado continuamente escapar” das restrições americanas impostas em maio.
Isso “deixa claro que estamos cobrindo brechas geradas pelo fato de que a Huawei pode estar tentando comprar de chips de uma empresa de design terceirizada”, disse um funcionário do Departamento de Comércio a Reuters.
Além do aumento das restrições, uma nova regra imposta separadamente pelo governo dos EUA exige que as empresas presentes em sua lista suja obtenham uma licença quando uma empresa como a Huawei atua “como compradora, consignatária intermediária, consignatária final ou usuário final”.
O Departamento de Comércio também confirmou que não irá estender uma licença geral temporária que expirou na última sexta-feira (14) para usuários de dispositivos Huawei e provedores de telecomunicações. As partes agora devem enviar pedidos de licença para transações previamente autorizadas.
O mesmo órgão do governo norte-americano está adotando uma autorização permanente, limitada às entidades que usam equipamentos da Huawei, “para permitir pesquisas de segurança contínuas críticas para manter a integridade e confiabilidade das redes e equipamentos existentes”.
Impacto
As restrições existentes nos EUA já tiveram um forte impacto sobre a Huawei e seus fornecedores. As de maio não entrarão em vigor integralmente até 14 de setembro. No último dia 8 de agosto, o site chinês especializado em economia Caixin informou que a Huawei vai parar de fabricar seus chipsets Kirin já em setembro, devido à pressão dos EUA sobre os fornecedores de tecnologias que compões os SoCs da marca.
A HiSilicon, divisão da Huawei responsável pelo desenvolvimento de chipsets, confiou no software de empresas americanas, como Cadence Design Systems e Synopsys para projetar seus processadores e terceirizou a produção para a taiwanesa TSMC.
No entanto, essa última usa equipamentos de empresas americanas, o que a inclui nas restrições norte-americanas.
A TSMC disse que não enviará wafers( componente que serve como base para a fabricação de processadores) para a Huawei após 15 de setembro. Já a Huawei não comentou as novas regras do governo de Donald Trump.
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