Se você perguntar às pessoas o que as faz rir, elas falarão de piadas e humor, mas a verdade é que rimos com mais frequência quando estamos com outras pessoas – e quase nunca das tais piadas.
Um estudo mostrou que, a cada dez minutos de conversa, uma pessoa ri sete vezes – e não rimos quando achamos que rimos.
Segundo Sophie Scott, humorista e professora da University College, de Londres, a risada é uma emoção social – a usamos para manter laços.
Também emitimos uma série de sons estranhos quando rimos, e todos indicam que o músculo do peito está fazendo pressão na caixa toráxica para que o ar saia.
“Meu riso é muito agudo, por exemplo – bem mais do que sou capaz de atingir quando tento cantar”, diz a pesquisadora. “Trata-se também de uma forma bem primitiva de produzir um som”.
Imagens de ressonância magnética mostram que, quando alguém ri, não existe movimento real da língua, mandíbula, palato ou lábios. Toda a ação ocorre na caixa toráxica.
A risada é uma expressão emocional não verbal, e esses sons normalmente são produzidos quando estamos prestes a experimentar emoções fortes. São mais próximos de chamados entre animais do que de nossa fala normal.
Nós produzimos esses sons de formas bem simples (ao contrário da fala), e eles são controlados por um sistema cerebral “mais antigo” em termos de evolução, responsável pela vocalização em todos os mamíferos (ao contrário da fala).
Por isso, um derrame pode afetar a habilidade de falar, mas preservar sua capacidade de rir e chorar. O dano terá sido nas áreas que viabilizam a fala, mas o sistema emocional mais antigo está intacto.
Por estarem presentes em todos os grupos humanos e em outros mamíferos, essas expressões não verbais são frequentemente associadas a expressões de emoções consideradas mais básicas.
Isso explica por que algumas emoções são bem similares entre espécies – pense na semelhança entre os rostos de um humano e um lobo com raiva.
As pessoas reconhecem uma risada mesmo quando ela é produzida por alguém de uma cultura bastante diferente.
Os pesquisadores Disa Sauter e Frank Eisner, colaboradores de
, foram à Namíbia várias vezes para trabalhar com o povo Himba e o único som positivo em inglês que eles reconheceram (e vice-versa) foi a risada.Claro, não somos os únicos animais a rir. A risada já foi observada em primatas, como gorilas, chimpanzés e orangotangos, e até mesmo ratos. Então, é ao menos possível que haja mais risos espalhados por aí no reino animal.
E é intrigante que, sempre que há risada, sua origem esteja em brincadeiras, dos humanos aos ratos. Todos os mamíferos brincam quando são jovens e, alguns, como humanos, cachorros, lontras e ratos, brincam por toda a vida.
Há inclusive uma teoria sobre o que acontece com a comédia: as pessoas usam a comunicação de uma forma divertida, e é por isso que rimos.
Talvez as raízes de todas as risadas estejam nas interações sociais – e tenha evoluído para se tornar um importante símbolo de brincadeira, um sinal de que estamos nos divertindo – e de que ninguém ficará machucado, não é nada sério.
// BBC