Cientistas dizem que a velocidade da luz é variável (e colocam em causa dogma da física)

NASA / JPL-Caltech

 Os buracos negros supermassivos nos núcleo de galáxias libertam radiação e ventos ultra-rápidos, como ilustrado nesta impressão de artista. Os telescópios NuSTAR da NASA e XMM-Newton da ESA mostraram que estes ventos, contendo átomos altamente ionizados, sopram de uma forma quase esférica.

Uma equipe internacional de cientistas elaborou uma teoria que pode desafiar um dos pilares da física: a velocidade da luz.

O princípio-chave da física dos nossos dias é a lei que diz: as ondas eletromagnéticas e as de luz, se forem mensuradas no vácuo, sempre se deslocam à mesma velocidade.

O cosmologista portugês João Magueijo, do Colégio Imperial de Londres, e o astrofísico  Niayesh Afshordi, do Instituto Perimeter de Física Teórica canadense, supõem que a velocidade da luz, que sempre foi percebida como uma constante, pode variar.

Num artigo publicado na revista Physical Review D, os dois cientistas afirmam que há muito tempo, quando o Universo mal surgiu, a luz se deslocava muito mais rapidamente do que hoje.

Segundo os cientistas, o aparecimento do Universo que nós conhecemos, repleto de galáxias, estrelas e gás, foi possível devido às mínimas variações na densidade da matéria do universo primitivo, o que naquela época parecia um nevoeiro quente, opaco e plasmático.

Flutuações na densidade ocorreram por a velocidade da luz não ser estável, afirmam os cientistas. Eles frisam que a gravitação e a luz se deslocavam a velocidades diferentes, sendo que a gravitação se movia mais devagar.

Depois, na medida em que o universo se expandia e se tornava mais frio, a luz começou se movendo mais devagar até conseguir acompanhar a gravitação.

Magueijo e Afshordi dizem que os vestígios destas variações podem ser observados no fundo de micro-ondas cósmico, ou na chamada “radiação relíquia“, isto é, na radiação térmica liberada ao espaço interestelar logo depois do Big Bang (ou a Grande Expansão), e até calculadas usando um “indicador especial”.

A teoria nova corresponde a muitas observações contemporâneas. Futuras observações, se forem conduzidas com dispositivos de medição mais sensíveis, vão mostrar dados similares e provar suas conclusões, dizem os cientistas.

Na física e astronomia contemporâneas, a teoria da inflação é considerada como mainstream. Esta teoria, que se baseia na velocidade constante da luz, propõe que o nosso Universo se expandiu a uma velocidade variável, já que a primeira expansão foi muito brusca e rápida, mas depois desacelerou por causa desconhecida.

Ambas as teorias se esforçam por solucionar o chamado problema do horizonte. Acredita-se que o Universo conhecido, a despeito das flutuações mínimas já mencionadas, tem densidade mais ou menos igual em todas as direções.

Se a luz sempre se desloca à mesma velocidade, e o Universo se expande à mesma velocidade, a luz portadora de calor não poderia atingir os limites do Universo de modo suficientemente rápido, o que resultaria na densidade significativamente variável no Universo.

De acordo com a teoria da inflação, o Universo foi pequeno por bastante tempo, se tornando homogêneo antes de ele espontaneamente explodir e se expandir de modo muito rápido. Esta teoria requer condições bem estranhas e invulgares que existiam em algum momento no passado e depois desapareceram.

Segundo diz a teoria da luz variável, a velocidade de expansão do Universo vira constante, mas isso é devido ao fato de a luz se ter movido muito rapidamente e a energia de calor se dispersar de maneira homogênea.

A teoria rechaça condições estranhas e problemáticas, embora ela precise de passar por testes para ser comprovada e exige tecnologias que ainda não estão disponíveis.

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